sábado, 29 de junho de 2019


Afirmação de que o "dragão" deu à "besta semelhante ao Leopardo" a sua sede e o seu poder é mais uma prova de que o "dragão" do Apocalipse,   capítulo  12,   versículo 3,   não  é  um  símbolo  pessoal  de Satanás, porque Satanás não abdicou em favor de qualquer outro ser malévolo, e não cedeu sua sede a qualquer poder terrestre.

Mas alguém pode dizer que se considera a "besta semelhante ao leopardo" e a "besta de duas pontas" como constituindo, ambas, o papado, e por isso é a elas que dragão dá o seu poder, sede e grande autoridade, mas a profecia não diz isso, não; é só com a "besta semelhante ao leopardo" que o dragão tem de ver. É só a esta "besta" que ele dá o seu poder, sede e grande autoridade. É esta "besta" que tem cabeça que é ferida de morte e depois é curada. É esta "besta" que faz com que todo o mundo se maravilhe após ela. É esta "besta" que recebe uma boca para proferir blasfêmias e faz guerra aos santos durante 1260 anos. E tudo isto se realiza antes de entrar em ação o poder seguinte: a "besta de duas pontas". Só a "besta semelhante ao leopardo" simboliza, portanto, o Império Romano em sua forma papalina sob o domínio da influência eclesiástica.

Para mostrar tudo isto melhor basta estabelecer um paralelo entre a "ponta pequena", que está no profeta Daniel, capítulo 7, versículos 8, 20, 24, 25, e este mesmo poder. Esta comparação tornará patente que a referida      "ponta pequena" e a "besta semelhante ao leopardo", simbolizam, exatamente, o mesmo poder. Mas, a "ponta pequena" é reconhecida como um símbolo do papado e há seis pontos de identidade, como podemos ver, agora, imediatamente:

primeiro ponto - a "ponta pequena" era um poder blasfemo, como está aqui: "proferirá grandes palavras contra o altíssimo" (profeta Daniel, capítulo 7, versículo 25); a "besta semelhante ao leopardo" deste Apocalipse, capítulo 13, versículo 6, faz exatamente o mesmo: "abriu a sua boca em blasfêmias contra Deus";

segundo ponto - esta "ponta pequena" fazia guerra contra os santos e os vencia (livro do profeta Daniel, no Velho Testamento, capítulo 7, versículo 21); também esta besta (Apocalipse 13, versículo 7) faz guerra aos santos e ainda os derrota;

terceiro ponto - a "ponta pequena" tinha uma boca que falava grandiosamente (está no profeta Daniel, capítulo 7, versículos 8 e 20); e desta "besta" lemos (neste mesmo Apocalipse, capítulo 13, versículo 5): "lhe foi dado uma boca para proferir grandes coisas, isto é, grandiosidades e ao mesmo tempo blasfêmias";

quarto ponto - a "ponta pequena" levantou-se ao cessar a forma pagã do Império Romano. A "besta" do Apocalipse, capítulo 13, versículo 2, se levanta ao mesmo tempo, porque o dragão, a Roma pagã, lhe dá o seu poder, a sua sede e ainda grande autoridade; 

quinto ponto - foi dado poder  à  "ponta pequena para continuar"  por  um  tempo, dois tempos e metade de um tempo (como está no profeta Daniel, capítulo 7, versículo 25); a essa "besta" também foi dado poder por 42 meses, ou sejam, 1260 anos (Apocalipse, capítulo 13, versículo 5);

sexto ponto - no fim daquele período especificado, o domínio da "ponta pequena" havia de ser tirado (profeta Daniel em seu livro, capítulo 7, versículo 26); no fim do mesmo período a própria "besta semelhante ao leopardo" havia de ser levada em cativeiro (Apocalipse 13, versículo 10). Ora, ambas estas especificações se cumpriram no cativeiro, e exílio do Papa, e na derrocada temporária do papado pela França em 1798.

Como se vê mais uma profecia rigorosamente cumprida neste Apocalipse. Temos, aqui, alguns pontos que provam identidade, porque quando temos na profecia dois símbolos como neste caso, representando poderes que entram em ação no mesmo tempo, ocupam o mesmo território, mantendo o mesmo caráter, fazendo a mesma obra, e existem durante o mesmo espaço de tempo e têm o mesmo destino, então, estão estes símbolos representando o mesmo poder.

Ora, todos os pormenores especificados, se aplicam à "ponta pequena" e à "besta semelhante ao leopardo" do capítulo 13, mostrando que estes dois símbolos representam o mesmíssimo poder. Admite-se, geralmente, que a "ponta pequena" representa o papado e, quem pretender que esta "besta semelhante ao leopardo" não representa o mesmo, para ser coerente, deve provar       que na mesma altura em que se levantou o papado se levantou outro grande poder, exatamente como a besta, e ocupando o mesmo território, e revestindo o mesmo caráter, e fazendo a mesma obra, e continuando durante o mesmo espaço de tempo e tendo o mesmo objetivo, subsistindo, porém, como poder separado e distinto. Ora, tudo isto seria tão absurdo quanto impossível.

E a "cabeça ferida de morte"?  Evidentemente foi a cabeça papal. Somos levados a esta conclusão, naturalmente, pelo princípio evidente de que o que é dito em profecia do símbolo de qualquer governo se aplica a esse governo, somente enquanto é representado por esse símbolo. Ora, Roma é representada por dois símbolos: o "dragão" e a "besta semelhante ao leopardo", porque apresentou duas fases, a pagã e a papal. E o que se diz do dragão só se aplica a Roma na sua forma pagã. O que se diz da "besta semelhante ao leopardo" só se aplica a Roma na sua forma pretensamente cristã.

Mas Roma era pagã no tempo de São João Evangelista que viveu debaixo da sexta cabeça: a imperial. Isto nos mostra, imediatamente, que seis cabeças incluindo a imperial, pertencem ao "dragão". E se alguma destas cabeças foi ferida de morte, então foi uma das cabeças do dragão ou uma das formas de governo que pertenciam a Roma na sua forma pagã, portanto, não uma das cabeças da besta.

São João deveria ter dito: "Vi uma das cabeças do dragão, ferida de morte". Noutras palavras: esta ferida atingiu alguma forma de governo que existiu no   Império  Romano  depois  da  sua  passagem  do  paganismo  para  o chamado cristianismo. Porque Cristianismo mesmo ainda não existe na face da terra. Mas, enfim, após esta passagem, não houve senão uma cabeça, que foi a cabeça papal.

O símbolo, tal como é aqui apresentado, tinha apenas sete cabeças representando sete formas de governo não contemporâneas, mas sucessivas. Sem dúvida, que apenas uma cabeça está governando de cada vez, mas são colocadas todas juntas sobre o dragão e a besta para identificar ambos estes símbolos como representando o poder Romano. Seis cabeças pertenciam ao "dragão", isto é, seis formas de governo tiveram lugar e desapareceram, uma após outra, enquanto a religião de Roma era pagã, e só uma teve lugar após a mudança para o cristianismo, e esta era a papal. E esta, como um poder espiritual, continua até o fim (é uma advertência do Apóstolo São Paulo, inspiração divina,  basta verificar sua II Epístola aos Tessalonicenses, capítulo 2, versículo 8). E como poder temporal vai até o tempo em que seu domínio lhe é tirado pouco antes do fim (aqui já é o livro  do profeta Daniel, capítulo 7, versículo 26).

Assim fica, fora de toda controvérsia, que a "cabeça ferida de morte", ferida essa, depois de curada, não foi outra senão a cabeça papal. E  ser assim ferida é o mesmo que ir em cativeiro (Apocalipse, capítulo 13, versículo 10). Isto sucedeu quando o papa foi feito prisioneiro pelo general francês Berthier (Louis-Alexandre), e o governo papal, temporariamente, foi abolido em 1798. Despojado do seu poder, tanto civil como eclesiástico, o cativo papa morreu  no exílio em Valença, na França, a 29 de agosto de 1799.  Mas  a "ferida mortal" foi curada quando o papado se restabeleceu, embora com a diminuição do seu antigo poder, pela eleição de um novo papa. Isto aconteceu no dia 14 de março do ano de 1800. É o que dizem Bower, "História dos Papas", páginas 404 a 428, e George Croly, sobre o Apocalipse, edição de Londres, página 251.

Finalmente: "esta besta abre a sua boca em blasfêmias contra Deus, para blasfemar do seu nome."

São os presunçosos títulos abusivamente lançados em nome do próprio Jesus, quando é sabido que Jesus não estabeleceu nenhum papa. Ele blasfema do Tabernáculo do Céu, chamando a atenção dos seus súditos para o seu próprio trono e palácio em vez de chamar essa atenção para o Tabernáculo de Deus, afastando a sua atenção da Cidadela Celeste, da Jerusalém Celestial, indicando-lhes Roma como cidade eterna. Diante do Evangelho isto é blasfêmia, é blasfêmia diante do Apocalipse, blasfêmia dos que habitam no céu, pensando exercer o poder de perdoar pecados, afastando, assim, a mente dos homens da Obra Mediadora do Cristo e dos seus Espíritos de Luz no Santuário Celestial. Ninguém tem poder de perdoar pecados. Absolutamente, ninguém! Pelo versículo 10 somos, de novo, levados aos acontecimentos de 1798, quando o poder que, durante 1260 anos, levou ao cativeiro os santos de Deus.



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