quarta-feira, 26 de junho de 2019


"Eis aqui um poder que há de arrancar das mãos dos demagogos políticos o controle dos negócios para colocar esses controles nas mãos daquele que é Rei sobre todos, e rege o Mundo com inteira justiça. Nossos chefes políticos têm contado com o voto das tavernas, o voto dos analfabetos, o voto dos que ficam em casa e não trabalham, e com todos os outros elementos que até agora têm obtido nos seus comícios de propaganda, mas, ainda, não aprenderam a contar com o voto do Esforço Cristão. Desejo, agora, lhes dar a notícia de que está aproximando o tempo em que hão de descobrir que se operou uma revolução política, e hão de ser vistos regressando à casa vindos de Washington e de nossas capitais de Estados, completamente desempregados."

 

É uma linguagem de vingança, parece que isto não fica bem a cristãos vingativos. Estes sentimentos foram, entretanto, entusiasticamente aplaudidos na Convenção. E não é difícil prever o efeito que terão, não porque visavam àquela classe de homens entre os quais farão o máximo bem, isto é, o corpo de políticos médios que quando ameaçados por um boicote, se tornam os mais abjetos aduladores na face da terra.

 

Tudo isto, porém, nada conseguiriam se alguns, que são realmente patriotas de coração, despertassem para este perigo antes de se entregarem a movimentos cujos efeitos não preveem. E se as duas casas do Congresso, Câmara e Senado, permanecessem fiéis à Constituição que juraram manter, porque esse movimento nada menos significa do que uma subversão daquele nobre instrumento. Mas aí o Congresso voltou já as costas da sua sagrada confiança para acariciar a influência da igreja tão influente. Não é bom perder esses votos. 


Não convém perder esses votos. Quando os diretores da Feira Mundial de Chicago pediram ao Congresso uma dotação em seu favor, eclesiásticos exerceram sua influência sobre Legisladores nacionais e os induziram a sujeitar a doação à condição de as portas da Feira se fecharem no domingo, por que é dia de Deus (o domingo que é o sábado falsificado, e é o "sinal da besta").

 

Ao tratarem deste ponto ocorreu um fato notável: um Senador pediu uma Bíblia e fez com que um amanuense lê-se o Quarto Mandamento do Decálogo, em seguida graves estadistas arguiram, por fim, decidiram por voto que o dia ordenado naquele Mandamento como o "Sábado de Deus" era domingo. E, entretanto, não era não, e não será jamais!

                                                                                                                       

Isso era legislar sobre uma questão religiosa que a Constituição, expressamente, proíbe. Basta ver a Emenda Primeira. Quebrou as barreiras contra a união da igreja e do Estado e abriu os diques para todos os males que, invariavelmente, acompanham a tal união. O clero, defensor da Emenda religiosa, saudou o acontecimento como um grande triunfo e, ostensivamente, se gabou de que tinha o Congresso em suas mãos e podia obrigá-lo a cumprir as suas ordens. Está aqui a "imagem da besta", está aí o "sinal da besta". Está tudo claro agora diante dos olhos de todos.

 

Já se tornou aparente qual será a operação prática de todas essas mudanças. Na legislação da maior parte dos Estados da União Norte Americana se encontram leis relativas ao domingo e, como aumenta a agitação    em   favor   do   sétimo   dia,   o   sábado   legítimo   do   Quarto Mandamento da Lei de Deus dado a Moisés, os modernos zelotes religiosos apressam-se a por em andamento a máquina infernal da perseguição. Ainda se persegue em nome de Deus!

 

Os observadores do sétimo dia (isto é notório) não manifestam qualquer espírito de provocação contra essas leis. Quando trabalham no domingo, como a mais alta Lei de Deus que está inalienável o direito de fazer, eles fogem, cuidadosamente, de perturbar os outros. O que eles querem é guardar o sábado mas não querem infringir, de qualquer maneira,  os direitos dos outros com um trabalho provocador ou ofensivo. Entretanto, interpreta-se como perturbação se veem em algum ponto a trabalhar ou se alguém sabe que estão a trabalhar em algum lugar, embora não se vejam nesse outro. É a perseguição. Se não aparecer nenhuma forma de descobrir, então, são procurados por ministros, membros da igreja e, até, pela polícia atuando sob a sua orientação.

 

Depois, segue-se o quê? A detenção, a condenação ou a pena por multa, prisão e, até mesmo, grilhões. Onde é que vamos parar? Parece incrível, mas isto ainda acontece, mas, o sentimento público não apoia tais medidas. Os chefes de tal movimento, um verdadeiro Concílio e que deu provas na Feira Mundial de Chicago, notando que o povo não aprova essas coisas, fica sempre do lado mais fraco: decidiram fazer alto até conseguir a opinião pública moldada a seu favor e a peso de ouro. Por isso, nos últimos anos, diminuiu a perseguição por causa da não observância do domingo.

 

Parece incrível!  Entretanto tem sido feita uma rigorosa campanha pelo tal Partido da Reforma Nacional, a Sede Internacional de Reforma (em Washington), Aliança do Dia do Senhor, a Liga Americana do Domingo e, até a Liga Protetora do Domingo (de Nova Inglaterra), e outros corpos religiosos, tendo em vista a criação de sentimento da lei do domingo entre o povo e nas legislaturas estaduais, especialmente na legislatura nacional em Washington. A quanto vai o fanatismo!

 

Nos últimos anos, a contenda entre amigos e inimigos da liberdade norte-americana, tem sido concentrada num esforço de confiar ao Congresso a legislação religiosa pela promulgação da lei dominical para o Distrito de Colúmbia. Tem sido, repetidamente, apresentadas propostas nesse sentido, e, se tem insistido até o presente sobre uma apresentada pelo senador Johnstown, de Alabama, sendo prontamente introduzida na primeira oportunidade depois de cada insucesso. A intenção parece ter sido fazer pressão sobre o Congresso até que atenda a esta pretensão, até que seja dado o passo decisivo à causa da legislação religiosa com o apoio do governo nacional.


Isso fortalecerá imensamente o movimento dominical em toda a nação, e a obra de obter e impor a legislação dominical nos governos estaduais será realizada muito mais facilmente. Nesta altura é proveitosa uma vista d'olhos para o progresso do movimento em favor da lei do domingo nos Estados Unidos.

 

Vamos ver, a seguir, alguns acontecimentos mais notáveis marcando este avanço:

 

- Em 1890, a proposta de Braken Rit  em favor do domingo para o distrito de Colúmbia, apresentada ao Congresso (6 de janeiro);

 

- Em 1892, o Congresso ordena que as portas da Feira Mundial de Chicago fechem no domingo, e decide que o domingo é o sábado do Decálogo (isso aconteceu a 19 de julho);

 

- Em 1900, já iniciando o Século XX, o Congresso faz a dotação de cinco milhões de dólares para a Exposição Louisiana do Comércio em São Luis, sob a condição de se fecharem as portas aos domingos durante todo o prazo da Feira (1º de maio);

                                                                                                                       

- Em 1904, uma proposta em favor do domingo para o distrito de Colúmbia é aprovada na Câmara dos Representantes (6 de abril);

 

- Em 1906, o Congresso faz a dotação de 250.000 dólares para a Exposição de Janestown com a condição de fechar no domingo (aconteceu no dia 29 de junho);

 

- Em 1906, a proposta para a observância do domingo no distrito de Wentworth é aprovada pela Casa dos Representantes (dia 11 de junho);

 

- Em 1908, Conpress anuncia oficialmente que a Federação Americana do Trabalho, não só é favorável ao repouso dominical, mas que lhe compete, se não mais, pelo menos tanto, como qualquer outro corpo organizado de homens e mulheres forçar a observância do domingo como dia de repouso (aconteceu em 14 de setembro);

 

- Nos anos de 1907 e 1908, dez propostas para a observância do domingo apresentadas durante a primeira sessão do LX Congresso (de 5 de dezembro a 1º de maio);

 

- Ainda em 1908, proposta distrital para observância do domingo apresentada por Johnstown no Senado (15 de maio);

 

- No ano de 1909, proposta de Johnstown é reintroduzida no Senado (22 de março);

 

- 1910, a proposta Johnstown  é reintroduzida no Senado (17 de janeiro);

 



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