Segundo a primeira, a Terra é renovada na
segunda vinda de Jesus que é a habitação dos santos durante mil anos. Segundo a
outra, quando Cristo aparecer pela segunda vez, estabelecerá o seu reino na
Palestina e realizará, com os seus santos, uma obra de conquista sobre as
nações deixadas na Terra durante o milênio. Então as submete a Ele próprio.
Uma
das justas objeções que se levantam contra a primeira opinião, é que ela faz os
ímpios, na sua ressurreição, subirem com o diabo à sua frente e pisarem com os
seus manchados pés a terra purificada e santa, e os santos que tem a sua posse
durante mil anos, serão obrigados a ceder o campo e a se refugiar na cidade. Nós
não podemos crer que a herança dos santos fique para sempre assim contaminada,
que as belas planícies da Terra renovada fiquem, para sempre, manchadas pelos
poluídos pés dos ímpios ressuscitados, porque hão de ultrajar todas as ideias e
conveniências, não há texto em que se possa apoiar.
Quanto à segunda opinião, um dos seus muitos
absurdos consiste em que, apesar de o Cristo e seus santos terem conquistado a
Terra durante mil anos, no fim deste período são atingidos pelos ímpios, perdem
o seu território, a obra do milênio é desfeita e são obrigados a bater em
retirada ignominiosa para a cidade em busca de refúgio, deixando a Terra ao
indisputável domínio dos inimigos. Ora, os que o desejem poderão dar tratos ao
cérebro para harmonizar as inconsistências e absurdos de tais teorias, ou
procurar consolação neste duvidoso futuro.
Quanto a nós, preferimos melhor
emprego do nosso cérebro na mais luminosa esperança que é o próprio Cristo e
Senhor. Mil anos no céu – Em contraste com estas
teorias há uma bela harmonia no ponto de vista aqui apresentado, a saber, que
os santos estão com Jesus no céu durante os mil anos, enquanto a terra fica
deserta, que os santos da cidade descem, que os ímpios mortos ressuscitam e
avançam contra ela, que os ímpios receberão o seu castigo, e do fogo
purificador que os destrói, saem o novo céu e a Nova Terra para habitação dos
justos pelos séculos sem fim.
E os que sofrem o tormento? Do versículo 10
tem alguns concluindo que Satanás seria atormentado noite e dia, mas o
testemunho deste versículo é mais extenso do que isto. O verbo "serão atormentados" está no plural, concorda com a besta e o falso profeta,
ao passo que devia estar no singular e apenas se referisse a Satanás, o
espírito do mal. Deve notar-se que na expressão "onde
está a besta e o falso profeta",
"está" é uma palavra acrescentada, mas conveniente seria subentender
as palavras "foram" e "lançados", correspondendo ao que,
imediatamente, antes foi dito de Satanás. A frase seria então, a seguinte: “Satanás foi lançado no lago de fogo, onde foram
lançados a besta e o falso profeta."
A besta e o falso profeta foram lançados ali
e destruídos no começo dos mil anos” (Apocalipse 19, versículo 20). Os indivíduos
de que estas organizações eram, então compostas, sobem agora na segunda
ressurreição, e uma destruição semelhante e final lhes visita sob os nomes de
Gog e Magog.
E o lago de fogo? Algum estudioso pode ser
inclinado a pedir uma definição "do
lago de fogo". Como definição
compreensiva, não poderá ser chamado um símbolo das agências que Deus tem para
terminar a sua controvérsia com os ímpios vivos no começo dos mil anos, com
todas as hostes dos ímpios no fim deste período? Como literal há de ser, sem
dúvida, largamente empregado, porque vem aí a batalha do Armagedon, e é uma
guerra total, é o dilúvio de fogo, e desta ninguém escapa, ninguém ficará
neutro.
Podemos, entretanto, descrever melhor os seus efeitos do que o próprio
fogo. Na segunda vinda do Cristo
é em labareda de fogo que o Senhor Jesus se revelará. É pelo assopro da Sua
boca e pelo esplendor da Sua vinda que o iníquo será aniquilado, o fogo
queimará por completo a grande Babilônia (Apocalipse, capítulo 18, versículo 8).
No
fim do milênio é o dia que os queimará como forno (Malaquias, 4, versículo 1);
é o ardente calor que fundirá os elementos da Terra e queimará até consumir as
obras que nela há. É o fogo da Tofete preparada para o rei (o diabo e seus
anjos, Mateus, capítulo 25, versículo 41), cuja coluna é profunda e larga, e “o
assopro do Senhor como torrente de enxofre a acenderá.” (Isaías, capítulo 30,
versículo 33). Enfim, é o fogo, que de Deus, desce do Céu. (Sobre a expressão “atormentados
para todo o sempre”, ver os comentários sobre Apocalipse 14,
versículo 11). Finalmente, é o fogo
que desce de Deus, lá do céu, sobre os ímpios irrecuperáveis.
Este é o Apocalipse de Jesus segundo São João
em seu capítulo 20, versículos 11 a 15:
“E vi um grande trono branco e
aquele que nele se assenta, de cuja presença fugiram a terra e o céu, e não se
achou lugar para eles. Vi também os mortos, os grandes e os pequenos, postos em
pé diante do trono. Então, se abriram livros. Ainda outro livro, o Livro da
Vida, foi aberto, e os mortos foram julgados segundo as suas obras, conforme o
que se achava escrito nos livros. Deu o mar os mortos que nele estavam. A morte
e o além entregaram os mortos que neles havia. E foram julgados, um por um,
segundo as suas obras. Então, a morte e o inferno foram lançados para dentro do
lago de fogo. Esta é a segunda morte, o lago de fogo. E se alguém não foi
achado inscrito no Livro da Vida, esse foi lançado para dentro do lago de fogo. ”
Eis aí, com o versículo 11 João introduz outra cena relacionada com
a condenação final dos ímpios. É o grande trono branco do juízo, perante o qual
todos estão reunidos para receber sua terrível sentença de condenação e morte.
Da presença deste trono fogem a Terra e o céu, de sorte que não se acha lugar
para eles.
Basta refletir um momento nas mudanças que se observarão, então, na
Terra, para avaliarmos a grande força desta linguagem. A cena é a do dia ardente
a que se refere São Pedro, em que se dará “a perdição dos homens ímpios”, e em
que “os elementos”, ardendo, se desfarão (São Pedro, II Epístola, capítulo 3,
versículos 7 a 13). A Cidade está, então, localizada sobre a terra com
os fundamentos por toda sua área, de sorte que não será afetada pelas
alterações que possam ocorrer, ou por quaisquer condições que possam existir na
terra que está por baixo dela.
A verdade é esta, conforme a linguagem do
profeta: “Desce
fogo do céu da parte de Deus”. Em primeiro lugar
serão queimadas as obras que no mundo existem, e pelos gazes evolados, e também
pelas chamas, são destruídos os ímpios. Eis aí o fogo da geena que contém todos
os elementos necessários para consumir, por completo, todo ser mortal que caia
debaixo do seu poder (Evangelho de Jesus segundo São Marcos, capítulo 9,
versículos 43 a 48) e, então, se cumprirá
o que está no profeta Isaías em seu capítulo 66, no Velho Testamento da Bíblia
Sagrada, exatamente no versículo 24: “E os
justos sairão e verão os corpos mortos dos homens que prevaricaram contra mim,
porque o seu bicho nunca morrerá, nem seu fogo se apagará, serão um horror para
toda a carne."
Os homens só entendem essa linguagem, então
tem de ser esta linguagem. Em segundo lugar, o calor aumenta a tal ponto que
todos os materiais, de que é composto este orbe terrestre, se fundirão como os
metais na fornalha do fundidor, e toda a terra se converterá em ígnea massa
fluida. Sobre ela flutua a Cidade como a arca de Noé flutuava sobre as águas do
dilúvio. Então se cumprirá o que predisse Isaías, capítulo 33, versículo 14: “Quem dentre
nós habitará com o fogo consumidor?" A
resposta nos versículos que se seguem mostra que são os justos, e esta deve ser
a altura em que isso se realizará certamente.
Em terceiro lugar, há mais um estágio a ser
alcançado. É sabido que em suficiente
grau de calor qualquer substância da terra pode ser reduzida à condição de gás,
torna-se, assim, invisível; é o que vai acontecer, então, com toda a Terra.
Elevado o calor a um suficiente grau de intensidade, não seria toda a terra
convertida em gás? Tornada invisível? Parecendo assim ter literalmente
desaparecida, de modo que não se encontra lugar mais para ela? Na verdade, só
não pareceria, como de fato estaria virtualmente suspensa no espaço.
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