sábado, 29 de junho de 2019


Aquilo a que o evangelista e agora profeta, João, chama "outra besta" não é certamente nenhuma parte da primeira. E o poder simbolizado por ela, também não é nenhuma parte do que é simbolizado pela "outra besta". Isto é fatal para a pretensão daqueles que, para evitar a aplicação deste símbolo aos Estados Unidos da América do Norte, preferem dizer que se trata de alguma fase do papado. Pois, que neste caso, constituiria uma parte da "besta" precedente, da "besta semelhante ao leopardo". E, se é outra "besta", deve ser procurada em algum local não abrangido por quaisquer outros símbolos. 

Vejamos, portanto, sumariamente, os símbolos da palavra de Deus que representam governos na terra. Encontram-se, principalmente, senão em absoluto, nos livros de Daniel no Velho Testamento e neste Apocalipse, no Novo Testamento.

No capítulo 2 do livro do profeta Daniel, é apresentado um símbolo sob a forma de uma grande imagem constituída por quatro partes: ouro, prata, cobre e ferro, e é, finalmente, desfeita em átomos após o que um grande monte, ocupando o seu lugar, enche toda a terra. No livro de Daniel (capítulo 7), encontramos: um leão, um urso, um leopardo e um grande e terrível animal, não descrito, que, depois de passar por uma nova e notável fase, vai para o lago de fogo. Ainda em Daniel (capítulo 8), temos: um carneiro, um bode e uma ponta, uma ponta pequena a princípio, mas que se vai tornando excessivamente grande (depois vamos ver qual é). No capítulo 9 deste Apocalipse, temos: gafanhotos semelhantes a cavalos. No capítulo 12 deste Apocalipse: um grande dragão vermelho. No capítulo 13, ainda deste Apocalipse, temos: uma besta blasfema semelhante ao leopardo, e uma besta com duas pontas semelhante aos de um cordeiro. Vamos encontrar no capítulo 17 deste livro: uma besta escarlata, sobre a qual está sentada uma mulher tendo em sua mão um cálice de ouro cheio de imundície e abominação.

Que governos e que poderes são representados por todos eles? Simboliza qualquer deles, por ventura, os Estados Unidos?

Alguns representam reinos terrestres, porque assim nos informam, expressamente, as próprias profecias e na aplicação de quase todos. Há um acordo uniforme entre os expositores estudiosos do Apocalipse, o que não é fácil, não! Pois bem, as quatro partes da grande imagem de Daniel (capítulo 2) representam quatro reinos: Babilônios ou Caldeia, Medo-Pérsia, Grécia e Roma. O leão (do capítulo 7), também representa Babilônia; o urso, a Medo- Pérsia; o leopardo é a Grécia; e o animal terrível, espantoso, é Roma. A ponta com boca e olhos humanos, que aparece na segunda fase desta besta, representa o papado (abrange a sua história até o tempo em que foi, temporariamente, derrubado na França, por Napoleão Bonaparte em 1798).

Ainda no livro de Daniel, capítulo 8, o carneiro representa a Medo-Pérsia; o bode, a Grécia; e a ponta pequena é Roma. Todos eles têm uma aplicação bem clara e definida aos mencionados governos. Nenhum deles pode, portanto, ter qualquer referência aos Estados Unidos da América do Norte.

Os símbolos apresentados pelo capítulo 9, deste Apocalipse, todos concordam em aplicá-los aos turcos e sarracenos. O "dragão" do Apocalipse (capítulo 12) é o reconhecido símbolo de Roma pagã. Pode-se demonstrar que a "besta semelhante ao leopardo" (do capítulo 13) é idêntica a undécima ponta do quarto animal do profeta Daniel (capítulo 7) e, por isso, simboliza o papado. A "besta escarlata" ou "escarlate", como quiserem, é a mulher do Apocalipse (capítulo 17), também se aplicam, evidentemente, à Roma sob o domínio pagão-papal referindo-se, especialmente os símbolos, à distinção entre o poder civil e o eclesiástico, sendo um representado pela "besta" e o outro pela "mulher sentada sobre ela".

Mas resta um símbolo que é "o animal de duas pontas" (do capítulo 13 do Apocalipse de Jesus segundo São João). Sobre esta há uma grande diversidade de opiniões e, antes de procurar uma aplicação, temos de olhar para o campo abrangido pelos já examinados.

A Babilônia e Medo-Pérsia abrangiam toda parte civilizada da Ásia; e Grécia abrangia a Europa Oriental incluindo a Rússia; Roma com os dez reinos em que foi dividida, representados pelos dez dedos da imagem, pelas dez pontas do quarto  animal  do  profeta Daniel  (capítulo 7),  pelas dez pontas do dragão do Apocalipse (capítulo 12), pelas dez pontas da besta semelhante ao leopardo (capítulo 13), abrangia toda a Europa Oriental. Noutras palavras: todo o Hemisfério Oriental, conhecido da história e da civilização, é absorvido pelos símbolos já examinados, acerca de cuja aplicação poucas dúvidas podem subsistir.

Mas há uma poderosa nação do Hemisfério Ocidental digna, como já vimos, de ser mencionada em profecia que ainda não foi apresentada. Resta um símbolo cuja aplicação ainda não foi feita. Todos os símbolos, exceto um, já estão aplicados. Todas as partes do Hemisfério Oriental estão abrangidas pelas aplicações respectivas.

De todos os símbolos mencionados só resta um: é, exatamente, o "animal de duas pontas" do capítulo 13 deste Apocalipse. E, de todos os países da terra, relativamente aos quais, existe algum motivo para serem mencionados na profecia? Só resta um: ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA DO NORTE.

Refere-se o "animal de duas pontas" aos Estados Unidos? Refere-se? Estão de acordo? Então todos os símbolos têm uma aplicação que é abrangido todo o campo. Mas não estão de acordo? Segue-se, então, que os Estados Unidos não estão representados na profecia e, em segundo lugar, que o símbolo do "animal de duas pontas" não tem nenhum governo a que se possa aplicar, mas, evidentemente, a primeira destas suposições não é provável, a segunda não é possível.

Uma conclusão se pode tirar destes argumentos: é que "o animal de duas pontas" se deve localizar no Hemisfério Ocidental e que simboliza os Estados Unidos da América do Norte.

Outra consideração que indica o local desse poder é extraída do fato de que São João o "viu subindo da terra". Se o "mar" de onde a "besta semelhante ao leopardo" sobe (Apocalipse capítulo 13, versículo 1) representa povos, nações e multidões (ainda  este Apocalipse capítulo 17, versículo 15), a terra deve sugerir, por contraste, um território novo e anteriormente desocupado. Ora, meus amigos, meus irmãos, excluídos assim dos continentes Orientais,   impressionados  com   a  ideia  de   olhar  para   um   território anteriormente desconhecido para a civilização, temos de nos voltar, necessariamente, para o Hemisfério Ocidental.

Vamos ver, então, mais um ponto importante: o ponto 14, do seu levantamento conforme a profecia. O modo como se vê subir o "animal de duas pontas" prova, simultaneamente, com a sua localização, idade, cronologia, que se trata de um símbolo dos Estados Unidos da América do Norte.

São João diz que viu a "besta subir da terra". E esta expressão deve ter sido propositadamente usada para estabelecer o contraste entre o levantamento desta "besta" e o de todos os outros símbolos nacionais proféticos. Os quatro animais do profeta Daniel (capítulo 7) e a "besta semelhante ao leopardo" (do capítulo 13 deste Apocalipse) subiram todos, as novas nações se levantam, geralmente, pela extinção de outras nações e tomam seus lugares, mas, nenhuma outra nação foi abatida para dar lugar aos Estados Unidos, e a luta pela independência já estava a 15 anos no passado quando entrou no campo da profecia, então o profeta encontrou somente a paz. Uma observação interessante: a palavra grega, usada no versículo 11, no original deste Apocalipse, para descrever o modo como esta besta sobe, é muito expressivo. Uma das suas principais definições é, exatamente, "crescer ou brotar como uma planta".

E é um fato notável que esta mesma figura foi escolhida por escritores políticos sem qualquer referência à profecia, como sugerindo a melhor ideia do modo como este governo se levantou. Por exemplo: Townsend, na sua obra intitulada "O Novo Mundo Comparado com o Velho Mundo", página 635, escreve: 

 "Nesta teia de ilhas, as Antilhas, começou a vida de ambas as Américas do Norte e do Sul. Ali viu Cristóvão Colombo a terra, ali começou a Espanha o seu império Ocidental. Dali partiu Córtes para o México, de Soto (Hernando) para o Mississipi, Balboa para o Pacífico, Pizarro para o Peru.

A história dos Estados Unidos foi separada por um ato benevolente da providência, digamos assim, dessa selvagem e cruel história do resto do continente, porque na verdade, como silenciosa semente, crescemos e nos  convertemos   num   império  ao  mesmo  tempo   em  que  o  próprio império, começando ao Sul, foi varrido por tão interminável tempestade, e o que da sua história podemos assegurar, é lido à luz dos próprios relâmpagos que os devastaram completamente. O crescimento da América inglesa pode comparar-se a uma série de líricas cantadas por isolados cantores, que fundindo-se, formaram, por fim, um vigoroso coro, e este extraindo a muitos de longe, cresce e se prolonga até que hoje assume a dignidade e proporções de um canto épico."



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