Jesus, predizendo acontecimentos que
haviam de ocorrer logo antes da sua volta, ou segunda vinda, declarou: "Surgirão
falsos cristos e falsos profetas, e farão tão grandes sinais e prodígios que,
se possível, enganariam até mesmo aos escolhidos". Aqui são outra vez preditos sinais
operados com o propósito de enganar: são tão poderosos que, se fosse possível,
até os próprios escolhidos seriam enganados por eles. Assim temos uma profecia, e há muitas
outras apresentando o desenvolvimento nos últimos anos, de um poder operador
de prodígios manifestado num grau espantoso e sem precedentes, no interesse do
erro e da falsidade.
A mistificação:
O governo terrestre, com que havia de estar especialmente relacionado, é o mesmo representado pela
"besta de duas pontas" ou "falso profeta". O agente que
está por detrás das manifestações externas devia ser satânico, como diz o
Apocalipse (espíritos de demônios). A profecia supõe uma obra como esta na
América.
Podemos ver alguma coisa semelhante nos Estados Unidos? A resposta
está na lamentação do profeta: "Ai dos que habitam na terra e no mar, porque Satanás desceu a vós
cheio de raiva, sabendo que lhe resta pouco tempo".
Espanta-te, ó terra, treme povo, mas
não te deixes enganar. Está diante de nós o grande espectro do mau, como
declarou o profeta; Satanás está solto, das profundezas do tártaro, miríades de
obsessores enxameiam sobre vós, o príncipe das trevas se manifesta como nunca,
e lançando sobre a sua obra uma pretensa capa celestial, chamando-lhe
espiritismo, mas não é: é o baixo espiritismo. Conhecemos profundamente este
assunto, espiritismo como o entendia Allan Kardec, como o entendiam Flammarion,
Léon Denis, Gabriel Delanne e tantos mais, é coisa muito elevada. Mas a
mediunidade das irmãs Fox fazendo nascer o Espiritismo nos Estados Unidos
também se prestou, lamentavelmente, a todas as mistificações imagináveis.
Realmente, o Espiritismo usado
para mal, deturpado pela ganância, pela
vida fácil, é uma tristeza, é um crime inominável! Conhecemos bem o alto
Espiritismo, ou seja, o verdadeiro Espiritismo. Mas espiritismo baixo
praticado por falsos médiuns, por exploradores da credulidade pública é uma
verdadeira chaga social. Como, aliás, toda religião, toda ciência, toda
filosofia, toda política tem o lado alto e o lado baixo, mas, este aqui,
focalizado no Apocalipse, é o espiritismo baixo usado pela baixeza humana, pela
cretinice, pela debilidade mental, ou então, pela astúcia confessada dos
exploradores da credulidade pública. Mas o verdadeiro Espiritismo não tem nada com
isso, como o verdadeiro Anjo nada tem a ver com Lúcifer, ou Luzbel, ou Satanás.
Finalmente, uma imagem da
"besta" intimamente associada com esta operação de milagres, está o
levantamento de uma imagem a esta. Fala, aqui, o profeta e relaciona assim as
duas no versículo 14: "E engana os que habitam na terra com sinais que lhe foi permitido
que fizesse em presença da besta, dizendo aos que habitam na terra que fizessem
uma imagem à besta, que recebera a ferida da espada, e vivia."
O engano levado a efeito por essa
operação de "milagres falsos", "falsas materializações de espíritos",
prepara o caminho para o cumprimento desta cláusula relativa à formação de uma
imagem à besta. Para compreender o que seria uma "imagem do papado"
devemos, primeiro, fazer uma ideia definida do que constitui o próprio papado à
luz da história.
Lembre-se de que estamos examinando o
Apocalipse pelo critério ou método
histórico-profético ou profético-histórico. Pois bem, o completo desenvolvimento
da "besta", ou o estabelecimento da "ditadura papal", data a famosa
carta de Justiniano que se tornou efetiva em 538, constituindo o papa como
chefe da igreja e corretor dos hereges (está nas páginas da História Geral). Não
estamos, aqui, atacando ninguém, estamos focalizando os fatos. O papado era uma
igreja revestida de poder civil, um corpo eclesiástico com autoridade para
punir todos os dissidentes com o confisco dos seus bens, prisão, tortura e
morte.
Então, o que seria uma "imagem do
papado"? Uma outra instituição eclesiástica revestida de semelhante poder.
E como podia tal imagem aparecer ou se formar nos Estados Unidos da América do
Norte, constituindo a "besta de duas pontas ou dois chifres"?
Então vamos raciocinar: Se as igrejas
protestantes se revestissem de poder para definir e punir, também, a heresia para impor dogmas com penas de lei civil, não teríamos uma representação exata
do papado durante os dias da sua ditadura?
Muita gente pode objetar que a igreja
papal constituía relativamente uma unidade, e que, por isso, poderia agir em
harmonia com todos os seus departamentos, impondo seus dogmas, ao passo que a
igreja evangélica ou protestante, está tão dividida com mais de trezentos
denominações, que não poderia chegar a um acordo das doutrinas que hão de ser
obrigatórias para o povo protestante. Mas a resposta é simples: há pontos
fundamentais que todas as denominações sustentam em comum e são suficientes
para formar uma base de cooperação. Como principais, entre eles, podem
mencionar-se a doutrina do estado consciente dos mortos, a imortalidade da
alma, e, também, a doutrina de que o primeiro dia da semana é o domingo
cristão. Pois bem, se estas igrejas formarem uma organização eclesiástica, e o
governo legalizar esta organização, e lhe der poder (poder que não terá sem que
o governo conceda), poder para impor ao povo seus dogmas.
Então que temos nós? Justamente o que o
Apocalipse representa: "uma imagem da besta papal" dotada de vida
pela "besta de duas pontas", para falar e agir com o poder dos
Estados Unidos. Eis que, nos últimos anos, veio a existência, exatamente, de
uma organização como esta: uma união colossal das principais igrejas dos
Estados Unidos constituindo, mesmo, a maior e mais poderosa Federação jamais
formada na história do protestantismo na América do Norte.
A própria formação desse organismo
gigantesco, pondo de lado o que venha a sair dele, é um dos maiores
acontecimentos dos tempos modernos. E, com efeito, é saudada pelos seus adeptos
como o maior acontecimento religioso desde a Reforma de Martinho Lutero. Deve-se
notar que esta Federação foi formada para o expresso fim de controlar a
política e a legislação do país em favor dos interesses da
"cristandade", tais como eles os consideram.
Por tais meios esperam
levar a nação ao Cristo, dar a Pátria ao Cristo e, pela extensão do plano, a
outras nações introduzir o reino do Cristo em toda a Humanidade. Mas isto é o
que eles dizem. Notemos, brevemente, os principais fatos relativos à formação e
o modo de operar desta poderosa entidade. Foi realizado na cidade de Nova
Iorque uma Assembleia de ministros evangélicos ou protestantes na qual foi
organizada a Federação Nacional das Igrejas. Isto foi seguido pela formação de
Federações Estaduais e Federações locais através de todo o país.
Depois, numa assembleia da organização
em Washington, foi nomeada uma comissão de correspondência que enviou, a todas
as principais igrejas protestantes dos Estados Unidos, uma circular sobre a
relação cooperativa das igrejas do Cristo na obra de evangelização. Era feito, ali, um apelo para concentração de
esforços na extirpação dos males sociais, na purificação dos centros de vícios
e corrupção, na promoção de temperança, na moralidade geral, na observância do
"domingo". O plano da Federação Geral estava bastante avançado para
se poder realizar a Convenção Geral. Exatamente isto aconteceu em Nova Iorque,
no Carnegie Hall. Estavam presentes algumas centenas de delegados representando
as principais igrejas protestantes dos Estados Unidos.
As denominações com 500.000 membros ou
mais podiam enviar 50 delegados à Conferência, ao passo que aquelas que tinham
menos de 100.000 membros podiam enviar 5 delegados cada uma. No seu discurso de
boas vindas às igrejas de Nova Iorque e subúrbios, o Dr. R. F. MacArthur disse
que a Conferência significava mais para a América do que qualquer outra jamais
realizada naquele país. Observem bem como é que foi criada uma imagem da
"besta".
Noutra reunião, ao ser considerado o
relatório acerca da Federação, um orador, Dr. Vichy, declarou: "Espero que um dos
resultados práticos desta Conferência seja a organização de uma força. Que os
transgressores das leis, os Legisladores, respeitem e atendam quando se tratar
das grandes questões da moral. Nosso Evangelho é o cumprimento da lei, é nossa
tarefa, em nome do supremo Rei, procurando o bem da Humanidade pedir aos
governadores que respeitem a igreja."
Na reunião final da Conferência, o
bispo Hendrix, da igreja Episcopal, falou da nação como constituindo o último
produto da igreja do Cristo, como sendo o primeiro cidadão da humanidade, e
concluiu: "Jesus não é
um salvador do mundo (implicando uma separação Dele), mas o salvador do mundo,
e o reino de Deus deve vir pelos pacíficos processos da justiça cívica".
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