Ao terminar esta Convenção
encontrava-se completamente constituída a Federação, pronta a começar suas
atividades dos negócios da igreja e do Estado interligados. Perceberam bem? Abrangia,
segundo as declarações oficiais, 30 denominações, 18 milhões de membros em
comunhão com a igreja, representando um séquito geral de 50 milhões de adeptos.
O objetivo de suas operações pode-se ver pela seguinte declaração oficial que
temos de considerar o plano da Federação: "Assegurar às igrejas de Cristo Jesus uma ampla
influência combinada em todos os assuntos que afetam a moral e a condição
social do povo, de modo a promover a aplicação da lei de Jesus em todas as
relações da vida humana".
O poder desta Federação eclesiástica
se fará, portanto, sentir em todos os assuntos que afetam a moral e a condição
social do povo e em todas as relações da vida humana. O que equivale dizer, que
se fará sentir em tudo, em toda parte, sempre, a religião ligada ao Estado.
A
primeira sessão dessa Federação famosa, que recebeu o nome de Concílio Federal das Igrejas de
Cristo Jesus na América, foi realizada
em Filadélfia. Este movimento deu atenção a assuntos como estes:
- dia semanal de instrução em
religião;
- cooperação nas missões estrangeiras;
- Federações Estaduais;
- Federações Municipais;
- a igreja e o imigrante;
- a igreja e a indústria moderna;
- a igreja e a temperança;
- a observância do
"domingo";
- a vida familiar;
- a igreja e as relações
internacionais.
Quando foi tratado o tópico da
observância do domingo, aconteceu um incidente inesperado, e levantou o véu
daquela fraternidade exterior, e revelou que residia um espírito diferente no
santuário interior do movimento, porque provou que a teoria da unidade federal
era fraca demais para suportar o esforço da execução. Isto é muito importante! Uma
comissão nomeada para apresentar ao Concílio resoluções sobre a
"observância do domingo", apresentou o seguinte:
primeiro - É convicção do Concílio que
se deve dar uma nova e mais forte ênfase do púlpito, na escola dominical e em
casa. A observância do primeiro dia da semana como "dia sagrado", dia
do lar, dia de repousar para todo homem, mulher ou criança;
segundo - Todas as transgressões dos
requisitos de santidade do Dia do Senhor devem ser vigorosamente combatidas
pela imprensa, associações, alianças do Dia do Senhor,
e por uma legislação tal que proteja e
preserve este baluarte da cristandade americana;
terceiro - Nos alegramos na
perspectiva da unidade de ação entre as várias organizações que lutam, na América,
pela preservação do Dia do Senhor como dia de repouso e culto.
Até aí nada demais, não é? Mas
acontece que os Batistas do Sétimo Dia não podiam subscrever semelhante
declaração, porque, na verdade, os Batistas do Sétimo Dia estavam, e ainda
estão, com razão até hoje.
Vamos continuar analisando todos estes
pormenores que identificam os Estados Unidos da América do Norte como a "besta de
duas pontas ou dois chifres". O que é que ficou provado?
A defesa da liberdade religiosa, na
Federação, não teve resultado prático. O sentimento desse Concílio se opunha,
fortemente, à resolução, e, nos discursos feitos contra ela, fazia-se
particular referência aos observadores do "sábado", do "sétimo
dia", como constituindo uma classe de pessoas, a cuja atitude, o Concílio não
devia dar aparência de apoio. A
resolução foi aceita por um voto decisivo. Este incidente que entrou inesperadamente nas Atas da Conferência, revelou, claramente, o fato de que
esta grande Federação de Igrejas está pronta a forçar a minoria religiosa em
assuntos de ensino e prática de religião.
E assim acontece, não por qualquer
propósito ou desejo da parte dos seus membros de serem intolerantes uns para
com os outros, vejam bem, mas porque a intolerância é inerente à própria
natureza do movimento que iniciaram. Eles são, congenitamente, intolerantes, e não
sabem. Alcançar poder foi a ideia
primária da Federação, e o poder assim conquistado, o poder do número, não é exercido para persuadir, mas para
forçar. Ficou provado exatamente isto: eles queriam alcançar poder e com esse
poder exercer a força em detrimento do poder da piedade, da fraternidade, do
amor e da Boa Vontade. Este, sim,
convence da Verdade as pessoas e as leva a se congregar sobre a plataforma da
Verdade do Cristo de Deus.
Mas não é esse poder que as igrejas
procuram pela Federação. O que obtiveram foi o poder de uma grande liga religiosa, verdadeiramente um truste eclesiástico. E é da natureza de um truste
derrubar tudo que se interponha no seu caminho. Parece incrível! Mas é a
religião comercial, e age como os trustes comerciais, na pena de talião: olho
por olho, dente por dente. Que é a religião até hoje, senão isto? Uma organização
eminentemente comercial. Nessa Federação as igrejas não pretendem estar
vinculadas na unidade do Espírito de Deus, querem, apenas, estar confederadas
para ter força maior. O espírito dessa união é um espírito muito diferente do
divinamente ensinado pelo Espírito da Verdade, que representa o próprio Jesus.
O Concílio Federal não deu ênfase ao
valor da Verdade, nem podia dar, desde que o próprio campo em que estava, era o
de pôr de parte as diferenças de crenças religiosas entre os seus membros, para
obter o poder mundano nos seus números combinados. Um jogo de cartas marcadas. O
confessado propósito de tal Federação, declarado oficialmente, é exprimir a
fraternidade, unidade católica da igreja cristã.
Apesar disso seu espírito intolerante
não pode ser ocultado, dominou no Concílio em oposição com o seu professo
espírito de fraternidade ou unidade. Quando tal é a atitude deste grande truste
religioso para com os que estão com ele e trabalham para o seu avanço, então
pode-se compreender, facilmente, quão intolerante será para com a minoria
religiosa que lhe é estranha. Entenderam bem?
Pobres dos pequenos! Serão sempre
pisados e esmagados pelos trustes da religião. Esse grande truste religioso se
propõe a exercer um completo monopólio religioso no país.
"Chegou à altura senhores (disse um orador, exprimindo os
sentimentos da Conferência)
em que as igrejas podem e devem conhecer cada indivíduo em toda comunidade,
tão, exatamente, como conhecem, hoje, os
seus próprios membros. Assim se torna possível, como já acontece em dois
Estados norte-americanos, anunciar o tema: CADA IGREJA É RESPONSÁVEL POR UMA
MILHA QUADRADA. A Federação deve dar especial importância aos Distritos de
responsabilidade que estabelece. Quando estes cobrirem o Estado e as igrejas
apreciarem, de tal modo a sua oportunidade ou responsabilidade, que cada igreja
conheça a atitude de cada volante em assuntos morais, e se espalhem os volantes
para firmar esta doutrina."
Em resposta a pergunta sobre se pode
apresentar, neste país, alguma coisa semelhante à "imagem da besta",
temos, portanto, diante de nós uma organização gigantesca, uma organização
eclesiástica de protestantes, um poder para curvar o governo à sua vontade, tal
como acontece no Brasil. Intolerante para com os seus próprios membros quando
se trata da "santidade do domingo", declarando o seu propósito de
exaltar o descanso do "primeiro dia", tanto pelo ensino como pela lei,
recusando por voto respeitar as convicções, direitos e privilégios daqueles
que, religiosa e conscientes, observam o sétimo dia em vez do primeiro dia da
semana. Pretendendo, expressamente, constituir uma Federação de todas as
igrejas não reconhecendo, portanto, fora dela, nenhuma igreja como cristã.
Propondo-se monopolizar a obra religiosa em cada milha quadrada do território
norte-americano.
Meus amigos, meus irmãos, não está uma
organização, assim preparada, para tratar qualquer corpo de pessoas estranhas
às suas fileiras, do mesmo modo que o papado tratou os dissidentes ou hereges,
como lhes chamavam nos dias da inquisição? Ou crê ou morre, ou dá ou desce, é o
direito da força em plena religião. Jesus fez assim? Alguma vez Jesus agiu
assim? Então, são mais realistas que o rei.
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