Vale a pena fazer um sacrifício, deixar de
lado tanta diversão estúpida que só traz nojo, cansaço, e pensar um pouquinho
mais no mais importante livro da atualidade, que se chama Apocalipse. O
Apocalipse de Jesus segundo São João,
porque não é de João é de Jesus. João é apenas o grande vidente, o
extraordinário psicógrafo desta obra eterna. O futuro pertence a quem souber
Apocalipse. A nação que souber o Apocalipse dominará todas as nações, este é o
maior código de segurança nacional. Não há segurança nacional onde existe a
ignorância do Apocalipse.
Este é o capítulo 20 do Apocalipse de Jesus
segundo São João, versículos 4 a 6:
"E vi também tronos, e nestes sentaram-se aqueles aos quais
foi dada autoridade de julgar. Vi ainda as almas dos decapitados por causa do
testemunho de Jesus, bem como por causa da palavra de Deus, tantos quantos não adoraram
a besta, nem tampouco a sua imagem, e não receberam a marca na fronte e na mão;
e viveram e reinaram com Cristo durante mil anos. Os restantes dos mortos não
reviveram até que se completassem os mil anos. Esta é a primeira ressurreição.
Bem-aventurado e santo é aquele que tem parte na primeira ressurreição; sobre
esses a segunda morte não tem autoridade; pelo contrário, serão sacerdotes de
Deus e do Cristo e reinarão com ele os mil anos."
É a glorificação dos santos e Satanás em seu
triste isolamento.
Depois de
mostrar-nos o diabo em seu triste isolamento, João dirige agora a nossa
atenção aos santos que alcançaram a vitória e a glória, aos santos reinando com
Cristo. Sua ocupação consiste em atribuir aos ímpios mortos o castigo devido
aos seus maus atos. Daquela assembleia geral João destaca, então, duas classes
como dignas de especial atenção: os mártires, aqueles que foram degolados pelo
testemunho de Jesus, e os que não adoraram a besta e a sua imagem. Esta classe,
a dos que recusam a marca da besta e a sua imagem são, sem dúvida, os que ouvem
e obedecem a mensagem de Apocalipse 14. Mas
estes não são os que foram degolados pelo testemunho de Jesus, como alguns
pretendem que os santos da última geração hão de ser todos mortos, desejam que
nós, também, venhamos a ser. Porque a
palavra grega original traduzida por este “que”, na expressão: "Que não adoraram a besta", mostra que é aqui introduzida uma outra classe de
pessoas. Ora, a palavra é pronome relativo, e assim é definida a sua classe,
todo aquele que, qualquer, e tudo aquilo que; também do ramo são: alguém que, todo
aquele que, e tudo o
que. João viu os mártires como
membros de uma classe, e como membros da outra, viu aqueles que não
tinham adorado a besta e a sua imagem.
É verdade que esse termo, por vezes, é usado
como relativo simples, como por exemplo em São Paulo na II aos Coríntios,
capítulo 3, versículo 14, na Epístola aos Efésios, capítulo 1, versículo 23,
mas nunca numa construção como esta precedida de conjunção. Para que ninguém
diga que se traduziu desta passagem por "e os que não adoraram a besta",
por este mesmo fato em que os milhões de pagãos e pecadores que não adoraram a besta e
nos fornecem um reino de mil anos com o Cristo. Chamamos a atenção para o fato
de que o capítulo anterior afirma que os ímpios foram todos mortos, e que o selo
da morte foi posto sobre eles durante mil anos, e São João tem visto apenas o
grupo dos justos que tomam parte na primeira ressurreição.
Para evitar a doutrina das duas
ressurreições, alguns pretendem que a passagem: “Mas os outros mortos não
reviveram até que os mil anos se acabaram”, é uma interpolação, por isso dizem:
não é genuína. Mesmo que fosse assim, permaneceria de pé a afirmação de que os
justos mortos ressuscitaram numa primeira ressurreição e de que há uma segunda
ressurreição mil anos depois. Mas a crítica não é verdadeira, todos os
estudiosos da Bíblia são frontalmente contra ela.
A versão revista retém a
passagem, e é preciso ver em muitos pontos deste Apocalipse os símbolos do
sofrimento, dando assim essa impressão de eternidade de tempos. Tudo isto,
naturalmente, é reduzido às suas proporções reais no Evangelho em espírito e
verdade à luz do Novo Mandamento. Os outros mortos não reviveram até que os mil
anos se acabaram: duas ressurreições. Apesar de tudo o que se diz em contrário,
nenhuma linguagem podia, mais claramente, provar duas ressurreições.
A primeira: uma ressurreição dos justos, no
começo do milênio, e a segunda a dos ímpios, no fim do milênio. A segunda morte não tem poder sobre os que
tomam parte na primeira ressurreição: podem passar ilesos por meio de elementos
que destroem os ímpios como restolho, podem habitar com o fogo consumidor, com
as labaredas eternas, como está no profeta Isaías, capítulo 33, versículos 14 e
15: “Podem
sair e ver os corpos mortos dos homens que prevaricaram contra Deus, devorados
pelo fogo que não se apaga, e pelo bicho que nunca morre.”
Também no profeta Isaías, capítulo 66,
versículo 24, a diferença entre os justos e os ímpios sobre esse aspecto, consiste
em que, ao passo que Deus é, para os últimos, um fogo consumidor; é, para o seu
povo, sol e um escudo numa proteção eterna. E os ímpios ressuscitados? Os
ímpios que ressuscitam no fim do milênio voltam de novo à vida, como foi
outrora real a sua vida na Terra. Negar isto é violentar esta passagem. Não
somos informados em que condição física ressuscitarão. Diz-se, em geral, sobre
este ponto que o que incondicionalmente perdemos em Adão é-nos devolvido
incondicionalmente em Cristo.
Com respeito
à condição física, isto não devia, talvez, ser
tomado num sentido ilimitado, porque a raça humana perdeu muito em estatura e
força vital, que não necessitam ser restituídas aos ímpios. Se regressassem à
normal condição mental e física que possuíram durante a vida, ou enquanto durou
o tempo da graça, isso bastaria, por certo, para poderem receber, por fim,
inteligentemente, a recompensa que lhes é devida por todos os seus atos. Sempre se fala do Apocalipse em espírito e verdade.
Ainda neste capítulo 20, versículos 7 a 10:
"Quando, porém, se completarem os mil
anos, Satanás será solto da sua prisão e sairá a seduzir as nações que há nos
quatro cantos da terra, Gog e Magog, a fim de reuni-las para a peleja. O
número dessas é como a areia do mar. Marcharam, então, pela superfície da terra
e sitiaram o acampamento dos santos e a cidade querida; desceu, porém, fogo do
céu e os consumiu. O diabo, o sedutor deles, foi lançado para dentro do lago de
fogo e enxofre, onde já se encontram não só a besta como também o falso
profeta; e serão atormentados de dia e de noite, pelos séculos dos séculos."
É a perdição dos ímpios. No fim do milênio a santa
cidade, a Nova Jerusalém em que os santos habitaram no Céu durante esse
período, desce e é situada sobre a Terra. Torna-se o acampamento dos santos, à
volta do qual se reúnem os ímpios ressuscitados, inumeráveis como a areia do
mar. O diabo engana-os e os reúne para esta batalha. São induzidos a empreender
uma guerra ímpia contra a santa cidade, na perspectiva de ganharem alguma
vantagem contra os santos. Satanás persuade-os, sem dúvida, de que podem vencer
os santos, desapossá-los da sua cidade e manter a posse da Terra. Mas desce
fogo do Céu da parte de Deus, e os devora. Moisés Stuart admite que a palavra
aqui traduzida por "devorou" expressa uma ação “intensiva”, e
significa “comer, tragar, denotando completo extermínio”. (A Commentary on the Apocalypse, vol. 2, p. 369).).
Este é o tempo da perdição dos ímpios, o
tempo em que os elementos ardendo se desfarão, e o mundo e as obras que nele há
se queimarão, como está na advertência de São Pedro na sua II Epístola,
capítulo 3, versículos 7 a 10. Ora, na luz destas passagens podemos ver como
existe o dom de receber sua recompensa na terra, fato que está nos Provérbios,
capítulo 11, versículo 31. Podemos
ver, também, que esta recompensa não é
uma vida eterna em sofrimento, mas “absoluto extermínio”, destruição inteira e
completa.. Uma separação
completa até que venham a pagar o último ceitil, fato que está na advertência
do próprio Jesus. Mas os ímpios nunca pisarão a Nova Terra. Sobre este ponto
duas opiniões merecem uma notícia.
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