segunda-feira, 10 de junho de 2019


Vale a pena fazer um sacrifício, deixar de lado tanta diversão estúpida que só traz nojo, cansaço, e pensar um pouquinho mais no mais importante livro  da  atualidade,  que  se  chama  Apocalipse.   O Apocalipse  de Jesus segundo São João, porque não é de João é de Jesus. João é apenas o grande vidente, o extraordinário psicógrafo desta obra eterna. O futuro pertence a quem souber Apocalipse. A nação que souber o Apocalipse dominará todas as nações, este é o maior código de segurança nacional. Não há segurança nacional onde existe a ignorância do Apocalipse.

Este é o capítulo 20 do Apocalipse de Jesus segundo São João, versículos 4 a 6:  

"E vi também tronos, e nestes sentaram-se aqueles aos quais foi dada autoridade de julgar. Vi ainda as almas dos decapitados por causa do testemunho de Jesus, bem como por causa da palavra de Deus, tantos quantos não adoraram a besta, nem tampouco a sua imagem, e não receberam a marca na fronte e na mão; e viveram e reinaram com Cristo durante mil anos. Os restantes dos mortos não reviveram até que se completassem os mil anos. Esta é a primeira ressurreição. Bem-aventurado e santo é aquele que tem parte na primeira ressurreição; sobre esses a segunda morte não tem autoridade; pelo contrário, serão sacerdotes de Deus e do Cristo e reinarão com ele os mil anos."

É a glorificação dos santos e Satanás em seu triste isolamento.

Depois de mostrar-nos o diabo em seu triste isolamento, João dirige agora a nossa atenção aos santos que alcançaram a vitória e a glória, aos santos reinando com Cristo. Sua ocupação consiste em atribuir aos ímpios mortos o castigo devido aos seus maus atos. Daquela assembleia geral João destaca, então, duas classes como dignas de especial atenção: os mártires, aqueles que foram degolados pelo testemunho de Jesus, e os que não adoraram a besta e a sua imagem. Esta classe, a dos que recusam a marca da besta e a sua imagem são, sem dúvida, os que ouvem e obedecem a mensagem de Apocalipse 14. Mas estes não são os que foram degolados pelo testemunho de Jesus, como alguns pretendem que os santos da última geração hão de ser todos mortos, desejam que nós, também, venhamos a ser.  Porque a palavra grega original traduzida por este “que”, na expressão: "Que não adoraram a besta", mostra que é aqui introduzida uma outra classe de pessoas. Ora, a palavra é pronome relativo, e assim é definida a sua classe, todo aquele que, qualquer, e tudo aquilo que; também do ramo são:  alguém  que,  todo  aquele  que,  e  tudo  o que. João viu os mártires como membros de uma classe, e como membros da outra, viu aqueles que não tinham adorado a besta e a sua imagem.

É verdade que esse termo, por vezes, é usado como relativo simples, como por exemplo em São Paulo na II aos Coríntios, capítulo 3, versículo 14, na Epístola aos Efésios, capítulo 1, versículo 23, mas nunca numa construção como esta precedida de conjunção. Para que ninguém diga que se traduziu desta passagem por "e os que não adoraram a besta", por este mesmo fato em que os milhões de  pagãos e pecadores que não adoraram a besta e nos fornecem um reino de mil anos com o Cristo. Chamamos a atenção para o fato de que o capítulo anterior afirma que os ímpios foram todos mortos, e que o selo da morte foi posto sobre eles durante mil anos, e São João tem visto apenas o grupo dos justos que tomam parte na primeira ressurreição.

Para evitar a doutrina das duas ressurreições, alguns pretendem que a passagem: “Mas os outros mortos não reviveram até que os mil anos se acabaram”, é uma interpolação, por isso dizem: não é genuína. Mesmo que fosse assim, permaneceria de pé a afirmação de que os justos mortos ressuscitaram numa primeira ressurreição e de que há uma segunda ressurreição mil anos depois. Mas a crítica não é verdadeira, todos os estudiosos da Bíblia são frontalmente contra ela. 

A versão revista retém a passagem, e é preciso ver em muitos pontos deste Apocalipse os símbolos do sofrimento, dando assim essa impressão de eternidade de tempos. Tudo isto, naturalmente, é reduzido às suas proporções reais no Evangelho em espírito e verdade à luz do Novo Mandamento. Os outros mortos não reviveram até que os mil anos se acabaram: duas ressurreições. Apesar de tudo o que se diz em contrário, nenhuma linguagem podia, mais claramente, provar duas ressurreições.

A primeira: uma ressurreição dos justos, no começo do milênio, e a segunda a dos ímpios, no fim do milênio.  A segunda morte não tem poder sobre os que tomam parte na primeira ressurreição: podem passar ilesos por meio de elementos que destroem os ímpios como restolho, podem habitar com o fogo consumidor, com as labaredas eternas, como está no profeta Isaías, capítulo 33, versículos 14 e 15:  “Podem sair e ver os corpos mortos dos homens que prevaricaram contra Deus, devorados pelo fogo que não se apaga, e pelo bicho que nunca morre.”

Também no profeta Isaías, capítulo 66, versículo 24, a diferença entre os justos e os ímpios sobre esse aspecto, consiste em que, ao passo que Deus é, para os últimos, um fogo consumidor; é, para o seu povo, sol e um escudo numa proteção eterna. E os ímpios ressuscitados?  Os ímpios que ressuscitam no fim do milênio voltam de novo à vida, como foi outrora real a sua vida na Terra. Negar isto é violentar esta passagem. Não somos informados em que condição física ressuscitarão. Diz-se, em geral, sobre este ponto que o que incondicionalmente perdemos em Adão é-nos devolvido incondicionalmente em Cristo.

Com respeito à condição física, isto não  devia, talvez,   ser tomado num sentido ilimitado, porque a raça humana perdeu muito em estatura e força vital, que não necessitam ser restituídas aos ímpios. Se regressassem à normal condição mental e física que possuíram durante a vida, ou enquanto durou o tempo da graça, isso bastaria, por certo, para poderem receber, por fim, inteligentemente, a recompensa que lhes é devida por todos os seus atos. Sempre se fala do Apocalipse em espírito e verdade.

Ainda neste capítulo 20, versículos 7 a 10:
 
"Quando, porém, se completarem os mil anos, Satanás será solto da sua prisão e sairá a seduzir as nações que há nos quatro cantos da terra, Gog e Magog, a fim de reuni-las para a peleja. O número dessas é como a areia do mar. Marcharam, então, pela superfície da terra e sitiaram o acampamento dos santos e a cidade querida; desceu, porém, fogo do céu e os consumiu. O diabo, o sedutor deles, foi lançado para dentro do lago de fogo e enxofre, onde já se encontram não só a besta como também o falso profeta; e serão atormentados de dia e de noite, pelos séculos dos séculos."

É a perdição dos ímpios. No fim do milênio a santa cidade, a Nova Jerusalém em que os santos habitaram no Céu durante esse período, desce e é situada sobre a Terra. Torna-se o acampamento dos santos, à volta do qual se reúnem os ímpios ressuscitados, inumeráveis como a areia do mar. O diabo engana-os e os reúne para esta batalha. São induzidos a empreender uma guerra ímpia contra a santa cidade, na perspectiva de ganharem alguma vantagem contra os santos. Satanás persuade-os, sem dúvida, de que podem vencer os santos, desapossá-los da sua cidade e manter a posse da Terra. Mas desce fogo do Céu da parte de Deus, e os devora. Moisés Stuart admite que a palavra aqui traduzida por "devorou" expressa uma ação “intensiva”, e significa “comer, tragar, denotando completo extermínio”. (A Commentary on the Apocalypse, vol. 2, p. 369).). 

Este é o tempo da perdição dos ímpios, o tempo em que os elementos ardendo se desfarão, e o mundo e as obras que nele há se queimarão, como está na advertência de São Pedro na sua II Epístola, capítulo 3, versículos 7 a 10. Ora, na luz destas passagens podemos ver como existe o dom de receber sua recompensa na terra, fato que está nos Provérbios, capítulo 11, versículo 31. Podemos ver, também,  que esta recompensa não é uma vida eterna em sofrimento, mas “absoluto extermínio”, destruição inteira e completa.. Uma separação completa até que venham a pagar o último ceitil, fato que está na advertência do próprio Jesus. Mas os ímpios nunca pisarão a Nova Terra. Sobre este ponto duas opiniões merecem uma notícia.



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