Temos de comparar estas palavras com
aquelas do capítulo primeiro, logo no primeiro versículo. O grande objetivo do
Apocalipse é a apresentação de acontecimentos futuros com o propósito de
informar, edificar, consertar a Igreja Universal do seu Novo Mandamento. Por
quê? Porque o Apocalipse é de Jesus. O fato central do Apocalipse é a segunda
vinda de Jesus ao nosso mundo. Graças a Deus que está breve! Ele mesmo, Jesus,
disse: EIS QUE BREVE VOLTAREI.
Nos versículos 2 a 5:
"E logo fui
arrebatado em espírito, e eis que um trono estava posto no céu e um sentado
sobre esse trono; e o que estava sentado era na aparência, semelhante à pedra
de jaspe e sardônica, e, o arco celeste estava ao redor do trono e parecia
semelhante a esmeralda. E ao redor do trono havia vinte e quatro tronos, e vi
sentados sobre os tronos vinte e quatro anciãos vestidos de branco, isto é,
estavam de vestes brancas, e tinham sobre as suas cabeças coroas de ouro. E do
trono saíam relâmpagos, e vozes e trovões, e, diante do trono ardiam sete
lâmpadas de fogo, as quais são os sete Espíritos de Deus."
O que significa "arrebatado
em espírito"?
Há neste mesmo livro símbolo de idêntica expressão no capítulo 1, versículo 10,
o discípulo amado, agora profeta, dizendo: "Eu fui arrebatado em espírito no dia do
Senhor",
isto é, sábado. Esta expressão é empregada para exprimir o fato de que São João
teve uma visão num sábado (ou Dia do Senhor). Se, ali, João se referia ao fato
de estar em visão, deve referir-se aqui ao mesmo. Por conseguinte, a primeira visão
terminou com o capítulo 3, e começa aqui uma visão inteiramente nova. Não
constitui séria objeção o fato de João, o Evangelista, anteriormente, como
vemos pelo primeiro versículo deste capítulo, se haver encontrado no estado
espiritual que lhe permitiu olhar e ver uma porta aberta no céu, e ouvir uma
voz como o poderoso som de uma trombeta chamando-o para uma contemplação mais
próxima das coisas celestiais. É evidente que pode haver um estado de êxtase,
independente da visão, como viu Estevão, cheio do Espírito Santo, pôde olhar e
ver os céus abertos e Jesus, o Filho do Homem, sentado à direita de Deus.
"Em espírito" significa um estado mais alto ainda,
de elevação espiritual. Arrebatado de novo na visão celestial o primeiro objeto
que viu foi um "trono no céu e um Ser divino sentado nele". A
descrição da aparência deste Ser vestido da cor de jaspe (que geralmente é
púrpura) misturada com a sanguínea sardônica, é de modo a sugerir,
imediatamente, a ideia de um monarca revestido com suas vestes reais.
"E em redor
do trono havia um arco-íris", reforçando a grandeza da cena, recordando o ser
poderoso, absoluto, dominador, como é o que está sentado sobre o trono. É o
Deus que guarda aliança com o Cristo. Vocês já imaginaram, fechando bem os olhos,
pensando em Deus, a beleza deste quadro e a honra que tiveram os vinte e quatro
anciãos?
Particularmente, você, meu irmão Legionário, gostaria de estar neste
lugar, perto de Deus, perto
de nosso Senhor
Jesus Cristo, perto da multidão santificada que é o Espírito
Santo?
Depende exclusivamente de você. Deus respeita o seu livre arbítrio, mas
se você quiser, certamente, estará no meio deles, você poderá até chegar a ser um
dos vinte e quatro anciãos. O Apocalipse é o complemento inseparável do
Evangelho para advertir a Humanidade sobre a volta de Jesus. E, agora, Jesus está
voltando! Bem-aventurados aqueles que têm ouvidos de ouvir.
"E ao redor
do trono havia vinte e quatro tronos, e vi sentados sobre os tronos vinte e
quatro anciãos vestidos de branco, isto é, estavam de vestes brancas, e tinham
sobre as suas cabeças coroas de ouro. E do trono saíam relâmpagos, e vozes e
trovões, e, diante do trono ardiam sete lâmpadas de fogo, as quais são os sete
Espíritos de Deus."
Acerca
deste assunto, dos "vinte e quatro anciãos", quando São João, a respeito de certa igreja neste
livro do Apocalipse, diz: "quem são eles e de onde vieram?" Devem observar que estão vestidos de branco e
têm na cabeça coroas de ouro cada um deles. São sinais, tanto de um conflito
terminado como de uma batalha ganha, símbolo de vitória anterior. Concluímos
aqui, que foram anteriormente participantes da grande luta cristã, que
trilharam outrora, em companhia de todos os santos, vindos da peregrinação
terrena, áspera, que eles tiveram de enfrentar, mas venceram. Que para algum
bom propósito, antecedendo a grande multidão dos salvos ou dos remidos, estão
com suas vitoriosas coroas no reino celeste. Isto é um símbolo admirável!
Com efeito, claramente dizem no
cântico de louvor com os quatro seres vivos, dirigem ao Cordeiro de Deus (no
capítulo 5, versículo 9): "E cantavam
um novo cântico, dizendo: Digno és de tomar o livro e de abrir os selos, porque
foste morto e com o seu sangue compraste para Deus os que procedem de toda a
tribo, língua, povo e nação". Este cântico é cantado antes de realizar-se qualquer dos
acontecimentos preditos na profecia do próprio Cristo, nosso Senhor. Foi
cantado para estabelecer o ato de que o Cordeiro de Deus é digno de tomar o
livro e abrir os selos, visto O próprio
já ter operado a redenção da Humanidade. Não é, portanto, colocado, assim. por
antecipação e com aplicação apenas para o futuro, mas expressa um fato absoluto, consumado, na história
daqueles que cantam. Esta, portanto, era uma classe de pessoas remidas; remidas
deste mundo, deste planeta Terra. Resgatadas, remidas como todos hão de ser
pelo precioso sangue de Cristo Jesus.
Ninguém tem maior amor do que este:
dar a Sua própria vida pelos amigos e pelos inimigos e invejosos, mas não deu
só pelos amigos, também pelos seus inimigos. Até estes Ele quer salvar, como
até Judas Ele procurou salvar, como até hoje continua salvando. Encontraremos, em algum lugar, mais alguma
referência a esta classe de remidos? São Paulo se refere na sua Epístola aos
Efésios, capítulo 4, versículo 8, quando escreve assim: "Pelo que vi
subindo ao alto, levou cativo o cativeiro e deu dons aos homens", e a nota à margem, diz: "levou uma
multidão de cativos".
Retrocedendo aos acontecimentos
relacionados com a crucificação e a ressurreição de Jesus, lemos: "criaturas nos
sepulcros",
"muitos
corpos dos santos que dormiam foram ressuscitados" e "saindo dos sepulcros depois da ressurreição
dele, entraram na cidade santa e a muitos apareceram". Vocês verão isso no Evangelho
segundo São Mateus, capítulo 27, versículos 52 e 53:
"E se abriram
os sepulcros, e muitos corpos dos santos que dormiam, foram ressuscitados; e,
saindo dos sepulcros depois da ressurreição de Jesus, entraram na cidade santa
e apareceram a muitos."
Sabem que muita coisa aqui é dita de
memória; mudamos uma palavra ou outra mas não alteramos o sentido, e,
absolutamente, não deturpamos as passagens bíblico-evangélicas, mas associamos
a resposta à nossa pergunta, corrigida, inequivocamente, da parte falada. Estes
são alguns dos que saíram dos sepulcros, ainda na altura da ressurreição do
Cristo de Deus. Foram contados com ilustre multidão que Ele levou do cativeiro,
do sombrio domínio da morte, quando subiu em triunfo ao céu. São Mateus
registra a ressurreição, São Paulo a ascensão e São João os veem no céu,
realizando os sagrados deveres para o cumprimento dos quais foram ressuscitados
pelo poder de Deus.
Nesta interpretação nós não estamos
sós. Wesley fala, nos seguintes termos,
dos vinte e quatro anciãos: "vestidos com vestes brancas". Diz mais:
"que a sua coroa de ouro mostra que já terminaram a sua carreira, já percorreram toda a "via crucis"
do Cristo, então ocuparam os seus lugares entre os cidadãos do Cosmo". A atenção do estudioso é atraída,
particularmente, para o fato de que o dizer que os vinte e quatro anciãos estão
sentados sobre o trono. Esta passagem derrama luz sobre a expressão que
encontramos no Profeta Daniel (capítulo 7, versículo 9): "Eu continuei
olhando, até que foram postos nos tronos"; figura tomada do costume oriental de por esteiras ou
divãs para os hóspedes distintos se sentarem. Supõe-se que estes vinte e quatro
anciãos que temos que ver (a propósito o que está no capítulo 5), sejam
assistentes do Cristo na sua obra de mediação no Santuário Celeste.
Quanto a cena de luz descrita pelo
Profeta Daniel, capítulo 7, versículo 9, começou no lugar santíssimo; os tronos
foram postos ali, segundo o testemunho desta passagem. Cremos estar bem
explicado este ponto referente aos vinte e quatro anciãos.
E "as sete lâmpadas
de fogo"?
Nestas "lâmpadas de fogo"
vemos um apropriado antítipo do castiçal de ouro do santuário típico, com suas
sete lâmpadas sempre a arder. Este castiçal estava colocado, por ordem divina,
no primeiro compartimento do santuário terrestre (ver o livro de Moisés chamado
Êxodo, capítulo 25, versículos 31 a 33, e no capítulo 26, versículo 35, e no
capítulo 27, versículo 20). E, agora, São João nos diz que uma porta foi aberta
no céu e um compartimento, assim patenteado, vê o antítipo do castiçal do
santuário da terra. Temos aí uma boa prova de que ele está a olhar, exatamente,
para o primeiro compartimento do Santuário Celeste.
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