sábado, 13 de julho de 2019


Temos de comparar estas palavras com aquelas do capítulo primeiro, logo no primeiro versículo. O grande objetivo do Apocalipse é a apresentação de acontecimentos futuros com o propósito de informar, edificar, consertar a Igreja Universal do seu Novo Mandamento. Por quê? Porque o Apocalipse é de Jesus. O fato central do Apocalipse é a segunda vinda de Jesus ao nosso mundo. Graças a Deus que está breve! Ele mesmo, Jesus, disse: EIS QUE BREVE VOLTAREI.

Nos versículos 2 a 5:

"E logo fui arrebatado em espírito, e eis que um trono estava posto no céu e um sentado sobre esse trono; e o que estava sentado era na aparência, semelhante à pedra de jaspe e sardônica, e, o arco celeste estava ao redor do trono e parecia semelhante a esmeralda. E ao redor do trono havia vinte e quatro tronos, e vi sentados sobre os tronos vinte e quatro anciãos vestidos de branco, isto é, estavam de vestes brancas, e tinham sobre as suas cabeças coroas de ouro. E do trono saíam relâmpagos, e vozes e trovões, e, diante do trono ardiam sete lâmpadas de fogo, as quais são os sete Espíritos de Deus."

O que significa "arrebatado em espírito"? Há neste mesmo livro símbolo de idêntica expressão no capítulo 1, versículo 10, o discípulo amado, agora profeta, dizendo: "Eu fui arrebatado em espírito no dia do Senhor", isto é, sábado. Esta expressão é empregada para exprimir o fato de que São João teve uma visão num sábado (ou Dia do Senhor). Se, ali, João se referia ao fato de estar em visão, deve referir-se aqui ao mesmo. Por conseguinte, a primeira visão terminou com o capítulo 3, e começa aqui uma visão inteiramente nova. Não constitui séria objeção o fato de João, o Evangelista, anteriormente, como vemos pelo primeiro versículo deste capítulo, se haver encontrado no estado espiritual que lhe permitiu olhar e ver uma porta aberta no céu, e ouvir uma voz como o poderoso som de uma trombeta chamando-o para uma contemplação mais próxima das coisas celestiais. É evidente que pode haver um estado de êxtase, independente da visão, como viu Estevão, cheio do Espírito Santo, pôde olhar e ver os céus abertos e Jesus, o Filho do Homem, sentado à direita de Deus.

"Em espírito" significa um estado mais alto ainda, de elevação espiritual. Arrebatado de novo na visão celestial o primeiro objeto que viu foi um "trono no céu e um Ser divino sentado nele". A descrição da aparência deste Ser vestido da cor de jaspe (que geralmente é púrpura) misturada com a sanguínea sardônica, é de modo a sugerir, imediatamente, a ideia de um monarca revestido com suas vestes reais.

"E em redor do trono havia um arco-íris", reforçando a grandeza da cena, recordando o ser poderoso, absoluto, dominador, como é o que está sentado sobre o trono. É o Deus que guarda aliança com o Cristo. Vocês já imaginaram, fechando bem os olhos, pensando em Deus, a beleza deste quadro e a honra que tiveram os vinte e quatro anciãos? 

Particularmente, você, meu irmão Legionário, gostaria de estar neste lugar,  perto  de  Deus,  perto  de  nosso  Senhor  Jesus  Cristo,  perto  da multidão santificada que é o Espírito Santo? 

Depende exclusivamente de você. Deus respeita o seu livre arbítrio, mas se você quiser, certamente, estará no meio deles, você poderá até chegar a ser um dos vinte e quatro anciãos. O Apocalipse é o complemento inseparável do Evangelho para advertir a Humanidade sobre a volta de Jesus. E, agora, Jesus está voltando! Bem-aventurados aqueles que têm ouvidos de ouvir.

"E ao redor do trono havia vinte e quatro tronos, e vi sentados sobre os tronos vinte e quatro anciãos vestidos de branco, isto é, estavam de vestes brancas, e tinham sobre as suas cabeças coroas de ouro. E do trono saíam relâmpagos, e vozes e trovões, e, diante do trono ardiam sete lâmpadas de fogo, as quais são os sete Espíritos de Deus." 

Acerca deste assunto, dos "vinte e quatro anciãos", quando  São João, a respeito de certa igreja neste livro do Apocalipse, diz: "quem são eles e de onde vieram?"  Devem observar que estão vestidos de branco e têm na cabeça coroas de ouro cada um deles. São sinais, tanto de um conflito terminado como de uma batalha ganha, símbolo de vitória anterior. Concluímos aqui, que foram anteriormente participantes da grande luta cristã, que trilharam outrora, em companhia de todos os santos, vindos da peregrinação terrena, áspera, que eles tiveram de enfrentar, mas venceram. Que para algum bom propósito, antecedendo a grande multidão dos salvos ou dos remidos, estão com suas vitoriosas coroas no reino celeste. Isto é um símbolo admirável!

Com efeito, claramente dizem no cântico de louvor com os quatro seres vivos, dirigem ao Cordeiro de Deus (no capítulo 5, versículo 9):  "E cantavam um novo cântico, dizendo: Digno és de tomar o livro e de abrir os selos, porque foste morto e com o seu sangue compraste para Deus os que procedem de toda a tribo, língua, povo e nação". Este cântico é cantado antes de realizar-se qualquer dos acontecimentos preditos na profecia do próprio Cristo, nosso Senhor. Foi cantado para estabelecer o ato de que o Cordeiro de Deus é digno de tomar o livro e abrir os selos,  visto O próprio já ter operado a redenção da Humanidade. Não é, portanto, colocado, assim. por antecipação e com aplicação apenas para o futuro, mas expressa um  fato absoluto, consumado, na história daqueles que cantam. Esta, portanto, era uma classe de pessoas remidas; remidas deste mundo, deste planeta Terra. Resgatadas, remidas como todos hão de ser pelo precioso sangue de Cristo Jesus.

Ninguém tem maior amor do que este: dar a Sua própria vida pelos amigos e pelos inimigos e invejosos, mas não deu só pelos amigos, também pelos seus inimigos. Até estes Ele quer salvar, como até Judas Ele procurou salvar, como até hoje continua salvando.  Encontraremos, em algum lugar, mais alguma referência a esta classe de remidos? São Paulo se refere na sua Epístola aos Efésios, capítulo 4, versículo 8, quando escreve assim: "Pelo que vi subindo ao alto, levou cativo o cativeiro e deu dons aos homens", e a nota à margem, diz: "levou uma multidão de cativos".

Retrocedendo aos acontecimentos relacionados com a crucificação e a ressurreição de Jesus, lemos: "criaturas nos sepulcros", "muitos corpos dos santos que dormiam foram ressuscitados" e "saindo dos sepulcros depois da ressurreição dele, entraram na cidade santa e a muitos apareceram". Vocês verão isso no Evangelho segundo São Mateus, capítulo 27, versículos 52 e 53: 

"E se abriram os sepulcros, e muitos corpos dos santos que dormiam, foram ressuscitados; e, saindo dos sepulcros depois da ressurreição de Jesus, entraram na cidade santa e apareceram a muitos."

Sabem que muita coisa aqui é dita de memória; mudamos uma palavra ou outra mas não alteramos o sentido, e, absolutamente, não deturpamos as passagens bíblico-evangélicas, mas associamos a resposta à nossa pergunta, corrigida, inequivocamente, da parte falada. Estes são alguns dos que saíram dos sepulcros, ainda na altura da ressurreição do Cristo de Deus. Foram contados com ilustre multidão que Ele levou do cativeiro, do sombrio domínio da morte, quando subiu em triunfo ao céu. São Mateus registra a ressurreição, São Paulo a ascensão e São João os veem no céu, realizando os sagrados deveres para o cumprimento dos quais foram ressuscitados pelo poder de Deus.

Nesta interpretação nós não estamos sós. Wesley  fala, nos seguintes termos, dos vinte e quatro anciãos: "vestidos com vestes brancas". Diz mais: "que a sua coroa de ouro mostra que já terminaram a sua carreira,  já percorreram toda a "via crucis" do Cristo, então ocuparam os seus lugares entre os cidadãos do Cosmo".  A atenção do estudioso é atraída, particularmente, para o fato de que o dizer que os vinte e quatro anciãos estão sentados sobre o trono. Esta passagem derrama luz sobre a expressão que encontramos no Profeta Daniel (capítulo 7, versículo 9): "Eu continuei olhando, até que foram postos nos tronos"; figura tomada do costume oriental de por esteiras ou divãs para os hóspedes distintos se sentarem. Supõe-se que estes vinte e quatro anciãos que temos que ver (a propósito o que está no capítulo 5), sejam assistentes do Cristo na sua obra de mediação no Santuário Celeste.

Quanto a cena de luz descrita pelo Profeta Daniel, capítulo 7, versículo 9, começou no lugar santíssimo; os tronos foram postos ali, segundo o testemunho desta passagem. Cremos estar bem explicado este ponto referente aos vinte e quatro anciãos.

E "as sete lâmpadas de fogo"? Nestas "lâmpadas de fogo" vemos um apropriado antítipo do castiçal de ouro do santuário típico, com suas sete lâmpadas sempre a arder. Este castiçal estava colocado, por ordem divina, no primeiro compartimento do santuário terrestre (ver o livro de Moisés chamado Êxodo, capítulo 25, versículos 31 a 33, e no capítulo 26, versículo 35, e no capítulo 27, versículo 20). E, agora, São João nos diz que uma porta foi aberta no céu e um compartimento, assim patenteado, vê o antítipo do castiçal do santuário da terra. Temos aí uma boa prova de que ele está a olhar, exatamente, para o primeiro compartimento do Santuário Celeste.



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