muito rica. Seu testemunho mostra que a sua riqueza consistia em lhe ser,
no fim, dada posse da coroa da vida. Diz o Apóstolo São Paulo: "Ouvi, ó
meus amados irmãos, porventura não escolheu Deus aos pobres deste mundo para
serem ricos na fé e herdeiros do reino que prometeu a todos que o amam?" Claro
que aqui se impõe, neste estudo, a significação espiritual. No mundo tudo é
relativo, e este é o único princípio absoluto.
A fé, diz o Apóstolo São Paulo,
"é a substância das coisas desejadas, é o firme fundamento das coisas que
se esperam e a prova daquelas que se não veem", portanto ser rico para com
Deus (rico no sentido espiritual) é ter um claro título às promessas, ser o
herdeiro da herança incorruptível, imaculada, imarcescível, que nos está
reservada no reino de Deus.
Como ainda diz o próprio Apóstolo dos
gentios (aos Gálatas, capítulo 3, versículo 29): "Se sois do Cristo
então sois da descendência de Abraão, herdeiros conforme a promessa", "Da mesma forma que Abraão
obteve a promessa, isto é, pela fé, vós também a consigais" (aos Romanos,
capítulo 4, versículos 13 e 14). Não é de admirar, portanto, que São Paulo
consagrasse um capítulo inteiro aos hebreus, que é o capítulo 11, a este
importante assunto, apresentando os maravilhosos feitos que foram realizados e
as preciosas promessas que foram alcançadas por meio da fé. E ainda que
exortasse os cristãos, no primeiro versículo do capítulo seguinte, como a
grandiosa conclusão do seu argumento, a por de lado todos os embaraços de
pecados e incredulidade que tão perto nos rodeia, nada fará tocar mais
rapidamente, a ponto da espiritualidade lançar-nos na pobreza completa, tantas
coisas do reino de Deus, de que deixar-se que caia a fé e entre em seu lugar a
incredulidade, a dúvida, a descrença.
É fácil de compreender que a fé tem de
entrar em todos os atos agradáveis a Deus, aos olhos do Cristo, e, para o que
Dele se aproxima, a primeira coisa necessária é crer que Ele realmente existe,
e que é o socorro de todos os que O buscam. E é por meio da fé, como principal
agente, que a graça, que é o dom de Deus, que havemos de ser salvos pelas boas
obras. Com a graça, com a fé, com as obras.
Mas este capítulo conclui que a fé
é um elemento tão importante de largueza espiritual que a maioria não entende. Assim,
como observamos, nenhuma graça pode corresponder a todo alcance do termo
"ouro", então, indubitavelmente, outras coisas são incluídas com a
fé. "A
fé é o firme fundamento das coisas esperadas", assim, a esperança acompanha,
inseparavelmente, a fé (Hebreus, capítulo 11, versículo 1; aos Romanos,
capítulo 8, versículos 24 e 25).
E, além disso, São Paulo diz que
"a fé opera por amor" e, em outro lugar, fala de enriquecer com boas
obras (aos Gálatas, capítulo 5, versículo 25; I Epístola a Timóteo, capítulo 6,
versículo 18). E assim,
meus amigos e meus irmãos, o amor não pode separar-se da
fé. Temos, portanto, diante de nós os três objetos associados por São Paulo na I
Epístola aos Coríntios, capítulo 13: Fé, Esperança e Caridade (ou amor), mas a
maior destas é a caridade, é o amor, tal é o ouro provado no fogo que somos aconselhados a comprar.
Por sinal que
as traduções são muito precárias, e dizem: "compra-me ouro". Não! Não é "compra-me
ouro", é "compra de mim ouro provado no fogo", isto é, acima de
todos os testes do reino material. O assunto é muito importante, mas há, ainda,
outros objetivos a respeito desse "ouro provado no fogo", como por exemplo, vestidos brancos
ou vestes brancas, colírio, tudo isso fazendo parte do plano da salvação em
sinal de amor e, depois a recomendação: arrepende-te. E esta maravilha que é
Jesus batendo à porta, Jesus vindo a nós na sua grande bondade. Para quê? Para nos salvar.
Sobre um dos pontos das "vestes
brancas" não há quase ponto algum de mistério para qualquer controvérsia. Existe algum tema que nos oferece uma chave
para compreendermos bem essa expressão? Sua presença está no profeta Isaías
(capítulo 64, versículo 6): "Porque, Senhor, todas as nossas justiças são como trapos
imundos". Isto é muito claro! Claro demais!
Trapos imundos, vestes sujas, portanto somos aconselhados a comprar o contrário
dos trapos imundos, isto é, devemos ter
vestes ou vestidos completos, imaculados, brancos. (A mesma figura é empregada
no profeta Zacarias, capítulo 3, versículos 3 e 4). De resto, São João, neste
mesmo Apocalipse, capítulo 19, versículo 8, claramente diz que o "linho
fino" são os atos de justiça dos santos de Deus, portanto, está mais que
evidente, tudo muito bem explicado.
O símbolo do colírio - Sobre este
assunto há tão pouco motivo para diversidade de opinião como sobre as
"vestes brancas". Por certo que a unção dos olhos não se deve tomar
no sentido literal, fazendo-se referência a coisas espirituais. O
"colírio" deve significar aquilo com que é despertado o nosso discernimento
espiritual. Na Palavra de Deus encontramos revelado um agente por meio do qual
tudo isso se realiza: o ESPÍRITO SANTO. Este é o grande consolador, este é o
instrumento principal do Cristo, ou mesmo do Pai através do Cristo. Esta
multidão de espíritos de luz já depurados, já integrados no Cristo, são os
eternos auxiliares na obra de depuração da Humanidade. Nos Atos dos Apóstolos,
capítulo 10, versículo 38, lemos que Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o
Espírito Santo. Em torno de Jesus estavam e sempre estarão os espíritos mais
adiantados deste planeta. Isto é muito importante! É muito sério! O trabalho do
Espírito Santo sempre ali, sempre presente, secundando o Cristo de Deus.
O mesmo escritor, por meio do qual foi
dado o Apocalipse, escreveu à Igreja na sua I Epístola, capítulo 2, versículo
1, nos seguintes termos: "Estas coisas vos escrevo para que não pequeis". No versículo 27 é abordado o
mesmo sentido: "Quanto a vós outros, a unção que
dele recebestes permanece em vós, e não tendes necessidades de que
alguém vos ensine; mas, como a sua unção vos ensina a respeito de todas as
coisas, e é verdadeira, e não é falsa, permanecei nele, como também ela vos
ensinou."
A
obra que aqui apresenta como realizada pela unção é, exatamente, a mesma que
atribui ao Espírito Santo no Seu Evangelho, segundo São João, capítulo 14,
versículo 26: "mas aquele
Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará
em meu nome, este vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar tudo quanto
eu vos tenho dito" (comparar com o capítulo 16,
versículo 15, do mesmo Evangelho). Isto
é muito importante, porque muita gente pensa que o Espírito Santo é uma coisa
irreal, é o sopro de Deus nas narinas humanas. Não! É essa multidão invisível
de espíritos iluminados que foram católicos, protestantes, espíritas, ateus,
judeus, muçulmanos, e hoje estão na categoria de discípulos queridos do Mestre
de todos os mestres, que é Jesus.
Em tempo: Somos aconselhados, de um
modo solene e formal, pela fiel e verdadeira testemunha: todas as figuras de
ouro, vestes brancas e o colírio, a vir lhe procurar, rápida e fervorosamente,
o aumento das celestes graças da fé, esperança e caridade, porque a justiça que
só Ele mesmo pode outorgar e, ainda, a unção do Espírito Santo.
Mas como é
possível se um povo destituído destas coisas, pense que é rico ou está
enriquecido? Impõe-se uma explicação, talvez a única possível, visto não haver
lugar para outra: devemos observar que nos laodicenses não se encontra falta
alguma quanto às doutrinas que professam. Isto é importantíssimo!
As doutrinas estão certas, então por
que os laodicenses são culpados? Também não são acusados de albergar em seu
seio uma Jezabel qualquer, nem de apoiar doutrinas heresiarcas de Balaão ou de
nicolaítas, etc. Pelo teor da mensagem que lhes é mandada vemos que a sua
crença é correta, sua teoria plenamente sã, desejável, apoiável, abençoável. Compreende-se,
portanto, que sendo uma teoria correta eles se contentam com ela. Os
laodicenses se satisfazem com uma correta forma de doutrina, mas sem o seu
poder, sem a sua aplicação.
Tendo recebido luz acerca dos acontecimentos finais
desta dispensação, e com um conhecimento teórico das verdades que dizem
respeito à última geração da Humanidade, são inclinados a descansar, porque já
estão salvos, pois eles já estão com a doutrina certinha, corretinha. Então,
negligenciam a parte mais importante da Religião, que é a espiritual.
É, sem
dúvida, por suas ações e não por suas palavras, que dizem que estão ricos e
estão enriquecidos. Tendo tanta Luz, tanta Verdade, de que mais eles podem
carecer? Muita gente está nesta chave, muita gente, infelizmente, senhor Deus!
Isto aqui é para meditar! Os que, com louvável tenacidade, defendem a teoria e na
letra, sob o ponto de vista da vida exterior, se conformam com a progressiva luz
derramada sobre os Mandamentos de Deus e a fé em Jesus.
Não será, então isso, a
justiça completa? Ricos, enriquecidos, de nada tendo falta? Pois é, aqui é que
está o seu tremendo erro, sua grande ilusão, todo o seu ser negligenciar o
espírito, o fervor, a vida, o soberbo Cristianismo vivo, prático. É isto que
faltava a estas criaturas de Laodicéia. Cristianismo vivo é uma correta teoria.
Está tudo escrito e perfeito, mas falta explicar tudo isso a toda a Humanidade,
do contrário não há Cristianismo, não há Jesus, não há nada. O que há é um jogo
floral, um torneio verbal, uma declamação perfeitamente inútil.
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