"Diz-se, particularmente,
que o efeito se faria sentir sobre os rios e as fontes das águas".
Isto tem uma aplicação literal, ou se,
como se supõe, no caso da segunda trombeta, a linguagem empregada se referia a
parte do Império particularmente afetada pela invasão inimiga, então podemos
supor que esta se refere às partes do Império
que superabundavam em rios e correntes, mais particularmente aquelas em
que os rio e correntes tinham sua origem, porque o efeito estava
permanentemente nas fontes das águas. Na realidade as operações de Átila se
realizaram nas regiões dos Alpes e nas partes do Império de onde correm os rios
para a Itália.
A invasão de Átila é descrita por
Gibbon nesta linguagem geral:
"Toda Europa, desde o Ponto
Euxino até o Adriático, numa extensão de mais de 500 milhas, foi logo invadida e ocupada, e assolada pelas miríades de bárbaros que Átila levou para o campo
de batalha".
"E o nome da
estrela era Absinto".
Significando
consequências amargas. Estas palavras relembram, por um momento, o caráter do
guerreiro, a miséria de que foi autor ou instrumento, e o terror inspirado por
seu nome. De extirpação total e destruição são os termos que melhor representam
as calamidades que ele infligiu e, a si
próprio, Átila se chamou "O flagelo de Deus". Atravessaram, quer na sua marcha, quer
no seu regresso, os territórios dos francos e massacraram tanto os seus reféns
como os seus prisioneiros. Duzentas donzelas foram torturadas com uma fúria
inexplicável, seus corpos foram rasgados por impetuosos cavalos ou esmagados
sob o peso de carros de bois. Seus membros insepultos foram abandonados nos
caminhos públicos como presa dos abutres e dos cães. Vejam o que é o horror da
guerra, e Átila se vangloriava de que a erva não crescia mais onde seu cavalo
tivesse posto as patas.
O Imperador do Ocidente com o Senado e o povo de Roma
deprecaram, humildes e aterrorizados, à ira de Átila. E o último parágrafo dos capítulos que
relatam a sua história, intitula-se "Sintomas da
Decadência e Ruína do Governo Romano".
"E o nome da
estrela era Absinto",
De
passagem, uma explicação: miríades quer dizer dez mil, mas como sempre a
palavra foi se exagerando e, às vezes, miríades significa milhões. Mas,
realmente, miríades significa apenas dez mil guerreiros.
No capítulo 8, versículo 12:
"E o quarto
anjo tocou a sua trombeta, e foi ferida a terça parte do sol, e a terça parte
da lua, e a terça parte das estrelas para que a terça parte deles escurecesse,
e na sua terça parte do dia não brilhasse, tanto o dia com também a
noite."
Esta
trombeta simboliza a carreira de Odoacro, aquele monarca bárbaro que esteve tão
intimamente relacionado com a queda de Roma Ocidental. Os símbolos: sol, lua, estrelas
(porque são usados, aqui, como símbolos apenas) representam,
evidentemente, os grandes luminares do
governo romano, os seus imperadores, cônsules e senadores.
O bispo Newton (Thomas) observa que o
último imperador de Roma Ocidental foi Rômulo e, por escárnio, foi chamado "Augústulus":
pejorativamente quer dizer Augustozinho. Roma do Ocidente caiu no ano 476. Ainda,
porém, apesar de extinto o sol romano, seus luminares subordinados brilharam
palidamente, enquanto o senado e cônsules continuaram. Mas, depois de muitas
vicissitudes e mudanças de fortuna política, por fim, no ano de 566, toda forma
do antigo governo foi subvertida; a própria Roma reduzida a um pobre ducado
tributário do exarcado de Ravena.
Sob o título "Extinção do Império
do Ocidente", Liszt, na sua obra "Exposição Profético", volume
II, cita as seguintes palavras de Keith: "O infeliz Augustozinho ou Augústulus,
tornou-se um instrumento da sua própria desgraça. Abdicou no senado e, esta
assembleia, em seu último ato de obediência a um príncipe romano, aparentou
ainda o espírito de liberdade e as formas da Constituição. Foi dirigida uma
epístola por seu unânime consenso ao Imperador Zénon, genro e sucessor de Leão,
recentemente reposto depois de muita rebelião
no trono bizantino. Solenemente negavam a necessidade e até o desejo de
continuar mais tempo a sucessão imperial
na Itália, pois que, em sua opinião, a majestade de um só
monarca era suficiente para abranger e proteger, ao mesmo tempo, tanto o
Oriente como o Ocidente. Em seu próprio nome e do povo consentiam que a sede do
império universal fosse transferida de Roma para Constantinopla. Vilmente renunciavam
ao direito de escolher os seus próprios senhores, único vestígio que ainda
restava da autoridade que tinha ditado leis ao mundo.
Pobre e desgraçado Império Romano! E, assim, se extinguiu o poder e a glória de
Roma como norma diretora de todas as nações do mundo; só ficou o nome: a rainha
das nações. Todo sinal de realeza desapareceu da cidade imperial, aquela que
tinha dominado sobre as nações jazia no pó como segunda Babilônia, e já não
havia o trono onde os césares tinham reinado com tanta pompa e tanto poder.
O último ato de obediência a um
príncipe romano, que aquela outrora augusta assembleia cumpriu, foi aceitar a
abdicação do último Imperador do Ocidente e a abolição da sucessão Imperial da
Itália. Tinha-se posto, finalmente, o "SOL DE ROMA".
Levantou-se rapidamente um novo
conquistador da Itália: o ostrogodo Teodorico, que, sem escrúpulo,
vestiu a púrpura e reinou por direito de conquista. A realeza de Teodorico foi
proclamada pelos godos em 5 de março de 493, com o tardio relutante e ambíguo ascenso
do Imperador do Oriente. O poder imperial romano de que, tanto Roma como
Constantinopla, tinham sido, simultânea ou isoladamente, a sede, quer do
Ocidente quer do oriente, já não era reconhecido na Itália.
"A terça
parte do sol fora ferida"
Até
que deixou de emitir os mais pálidos raios o poder dos césares era desconhecido
na Itália, um rei godo reinava em Roma por mais estranho que parecesse. Pois
bem, apesar de ferida "a terça parte do sol" e extinto o poder
imperial romano na cidade dos césares, a lua e as estrelas brilharam ainda, ou
bruxuleavam, durante mais algum tempo no Império do Ocidente, mesmo em meio da
treva gótica.
Os cônsules e o senado, isto é a "lua" e
as "estrelas"
não foram abolidas por Teodorico. Um historiador godo aplaude o consulado de
Teodorico como "auge de todo poder e grandeza temporal, como a lua que
reina de noite depois de o sol se pôr".
Em vez de abolir esse cargo, o próprio
Teodorico se congratula com os favorecidos da fortuna que, sem as preocupações,
desfrutavam cada ano do esplendor do trono.
Mas, em sua ordem profética, o
consulado e o senado de Roma viram chegar o seu dia, embora não haja caído nas
mãos dos vândalos e dos godos. A revolução seguinte, na Itália, foi sujeição a
Belisário, general de Justiniano, Imperador do Oriente. Ele não poupou o que os
bárbaros tinham respeitado. O consulado romano, extinto por Justiniano em 541,
é o título do último parágrafo do capítulo 40 da "História da Decadência e
Queda de Roma". A sucessão dos cônsules acabou, finalmente, no décimo
terceiro ano de Justiniano, cujo temperamento despótico foi lisonjeado pela
extinção silenciosa de um título que lembrava aos romanos sua antiga liberdade.
Tradução: Foi ferida a terça parte do sol, a terça parte da lua, a terça parte
das estrelas.
No firmamento político do mundo antigo, dos tempos de Roma
Imperial onipotente, o Imperador, os Cônsules e o Senado, brilhavam como o sol,
a lua e as estrelas, e a história da sua decadência e da sua queda é
apresentada até que as duas últimas foram extintas, relativamente a Roma e a
Itália, que por tanto tempo tinham ocupado o lugar de primeira cidade e
primeiro país do mundo.
Finalmente, ao se encerrar a quarta
trombeta, vemos a extinção daquela ilustre assembleia: o Senado Romano. A
cidade que governara o mundo foi conquistada, dir-se-ia que à irrisão da grandeza humana, por um
eunuco; eunuco Narses, sucessor de Belisário. Ele derrotou os godos em 552,
acabou a conquista de Roma e selou o destino do senado.
Elliot, nas suas "Horas
Apocalípticas", volume I, páginas 357 em diante, fala de cumprimento desta
parte da profecia, na extinção do Império do Ocidente, com as seguintes
palavras: "Assim se estava preparando a hecatombe final que traria a
extinção dos Imperadores e do Império do Ocidente." A glória de Roma já
estava extinta há muito tempo, suas províncias tinham se destacada dela uma a
uma. O território que ainda possuía tornara-se, apenas, um deserto; suas
possessões marítimas, sua frota e comércio estavam aniquilados.
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