segunda-feira, 8 de julho de 2019


"Diz-se, particularmente, que o efeito se faria sentir sobre os rios e as fontes das águas".

Isto tem uma aplicação literal, ou se, como se supõe, no caso da segunda trombeta, a linguagem empregada se referia a parte do Império particularmente afetada pela invasão inimiga, então podemos supor que esta   se   refere   às   partes  do  Império  que superabundavam em rios  e correntes, mais particularmente aquelas em que os rio e correntes tinham sua origem, porque o efeito estava permanentemente nas fontes das águas. Na realidade as operações de Átila se realizaram nas regiões dos Alpes e nas partes do Império de onde correm os rios para a Itália.

A invasão de Átila é descrita por Gibbon nesta linguagem geral:

"Toda Europa, desde o Ponto Euxino até o Adriático, numa extensão de mais de 500 milhas, foi logo invadida e ocupada, e assolada pelas miríades de bárbaros que Átila levou para o campo de batalha".

"E o nome da estrela era Absinto". 

Significando consequências amargas. Estas palavras relembram, por um momento, o caráter do guerreiro, a miséria de que foi autor ou instrumento, e o terror inspirado por seu nome. De extirpação total e destruição são os termos que melhor representam as calamidades que ele infligiu e,  a si próprio, Átila se chamou "O flagelo de Deus". Atravessaram, quer na sua marcha, quer no seu regresso, os territórios dos francos e massacraram tanto os seus reféns como os seus prisioneiros. Duzentas donzelas foram torturadas com uma fúria inexplicável, seus corpos foram rasgados por impetuosos cavalos ou esmagados sob o peso de carros de bois. Seus membros insepultos foram abandonados nos caminhos públicos como presa dos abutres e dos cães. Vejam o que é o horror da guerra, e Átila se vangloriava de que a erva não crescia mais onde seu cavalo tivesse posto as patas. 

O Imperador do Ocidente com o Senado e o povo de Roma deprecaram, humildes e aterrorizados, à ira de Átila. E o último parágrafo dos capítulos que relatam a sua história, intitula-se  "Sintomas da Decadência e Ruína do Governo Romano".

"E o nome da estrela era Absinto",

De passagem, uma explicação: miríades quer dizer dez mil, mas como sempre a palavra foi se exagerando e, às vezes, miríades significa milhões. Mas, realmente, miríades significa apenas dez mil guerreiros.

No capítulo 8, versículo 12:

"E o quarto anjo tocou a sua trombeta, e foi ferida a terça parte do sol, e a terça parte da lua, e a terça parte das estrelas para que a terça parte deles escurecesse, e na sua terça parte do dia não brilhasse, tanto o dia com também a noite." 

Esta trombeta simboliza a carreira de Odoacro, aquele monarca bárbaro que esteve tão intimamente relacionado com a queda de Roma Ocidental. Os símbolos: sol, lua, estrelas (porque são usados, aqui, como símbolos apenas) representam, evidentemente,  os grandes luminares do governo romano, os seus imperadores, cônsules e senadores.

O bispo Newton (Thomas) observa que o último imperador de Roma Ocidental foi Rômulo e, por escárnio,  foi chamado "Augústulus": pejorativamente quer dizer Augustozinho. Roma do Ocidente caiu no ano 476. Ainda, porém, apesar de extinto o sol romano, seus luminares subordinados brilharam palidamente, enquanto o senado e cônsules continuaram. Mas, depois de muitas vicissitudes e mudanças de fortuna política, por fim, no ano de 566, toda forma do antigo governo foi subvertida; a própria Roma reduzida a um pobre ducado tributário do exarcado de Ravena.

Sob o título "Extinção do Império do Ocidente", Liszt, na sua obra "Exposição Profético", volume II, cita as seguintes palavras de Keith: "O infeliz Augustozinho ou Augústulus, tornou-se um instrumento da sua própria desgraça. Abdicou no senado e, esta assembleia, em seu último ato de obediência a um príncipe romano, aparentou ainda o espírito de liberdade e as formas da Constituição. Foi dirigida uma epístola por seu unânime consenso ao Imperador Zénon, genro e sucessor de Leão, recentemente reposto depois de muita rebelião  no trono bizantino. Solenemente negavam a necessidade e até o desejo de continuar mais tempo a sucessão  imperial na Itália,  pois  que, em sua opinião, a majestade de um só monarca era suficiente para abranger e proteger, ao mesmo tempo, tanto o Oriente como o Ocidente. Em seu próprio nome e do povo consentiam que a sede do império universal fosse transferida de Roma para Constantinopla. Vilmente renunciavam ao direito de escolher os seus próprios senhores, único vestígio que ainda restava da autoridade que tinha ditado leis ao mundo.

Pobre e desgraçado Império Romano!  E, assim, se extinguiu o poder e a glória de Roma como norma diretora de todas as nações do mundo; só ficou o nome: a rainha das nações. Todo sinal de realeza desapareceu da cidade imperial, aquela que tinha dominado sobre as nações jazia no pó como segunda Babilônia, e já não havia o trono onde os césares tinham reinado com tanta pompa e tanto poder.

O último ato de obediência a um príncipe romano, que aquela outrora augusta assembleia cumpriu, foi aceitar a abdicação do último Imperador do Ocidente e a abolição da sucessão Imperial da Itália. Tinha-se posto, finalmente, o "SOL DE ROMA".

Levantou-se  rapidamente  um  novo conquistador da Itália:  o  ostrogodo Teodorico, que, sem escrúpulo, vestiu a púrpura e reinou por direito de conquista. A realeza de Teodorico foi proclamada pelos godos em 5 de março de 493, com o tardio relutante e ambíguo ascenso do Imperador do Oriente. O poder imperial romano de que, tanto Roma como Constantinopla, tinham sido, simultânea ou isoladamente, a sede, quer do Ocidente quer do oriente, já não era reconhecido na Itália. 

"A terça parte do sol fora ferida" 

Até que deixou de emitir os mais pálidos raios o poder dos césares era desconhecido na Itália, um rei godo reinava em Roma por mais estranho que parecesse. Pois bem, apesar de ferida "a terça parte do sol" e extinto o poder imperial romano na cidade dos césares, a lua e as estrelas brilharam ainda, ou bruxuleavam, durante mais algum tempo no Império do Ocidente, mesmo em meio da treva gótica.

Os cônsules e o senado, isto é a "lua" e as "estrelas" não foram abolidas por Teodorico. Um historiador godo aplaude o consulado de Teodorico como "auge de todo poder e grandeza temporal, como a lua que reina de noite depois de o sol se pôr".

Em vez de abolir esse cargo, o próprio Teodorico se congratula com os favorecidos da fortuna que, sem as preocupações, desfrutavam cada ano do esplendor do trono.

Mas, em sua ordem profética, o consulado e o senado de Roma viram chegar o seu dia, embora não haja caído nas mãos dos vândalos e dos godos. A revolução seguinte, na Itália, foi sujeição a Belisário, general de Justiniano, Imperador do Oriente. Ele não poupou o que os bárbaros tinham respeitado. O consulado romano, extinto por Justiniano em 541, é o título do último parágrafo do capítulo 40 da "História da Decadência e Queda de Roma". A sucessão dos cônsules acabou, finalmente, no décimo terceiro ano de Justiniano, cujo temperamento despótico foi lisonjeado pela extinção silenciosa de um título que lembrava aos romanos sua antiga liberdade. Tradução: Foi ferida a terça parte do sol, a terça parte da lua, a terça parte das estrelas. 

No firmamento político do mundo antigo, dos tempos de Roma Imperial onipotente, o Imperador, os Cônsules e o Senado, brilhavam como o sol, a lua e as estrelas, e a história da sua decadência e da sua queda é apresentada até que as duas últimas foram extintas, relativamente a Roma e a Itália, que por tanto tempo tinham ocupado o lugar de primeira cidade e primeiro país do mundo.

Finalmente, ao se encerrar a quarta trombeta, vemos a extinção daquela ilustre assembleia: o Senado Romano. A cidade que governara o mundo foi conquistada, dir-se-ia   que  à  irrisão  da  grandeza  humana,   por  um eunuco; eunuco Narses, sucessor de Belisário. Ele derrotou os godos em 552, acabou a conquista de Roma e selou o destino do senado.

Elliot, nas suas "Horas Apocalípticas", volume I, páginas 357 em diante, fala de cumprimento desta parte da profecia, na extinção do Império do Ocidente, com as seguintes palavras: "Assim se estava preparando a hecatombe final que traria a extinção dos Imperadores e do Império do Ocidente." A glória de Roma já estava extinta há muito tempo, suas províncias tinham se destacada dela uma a uma. O território que ainda possuía tornara-se, apenas, um deserto; suas possessões marítimas, sua frota e comércio estavam aniquilados.



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