diz: "Que não tema".
Também os cristãos têm, hoje, o privilégio de
sentir esta mão sobre eles, fortalecendo-os, confortando-os em horas de provas
e aflições. Cada cristão, inclusive eu nas minhas provas terríveis, ouve a
mesma voz, a dizer: "Não temas!"
Porque a gente, às vezes, se esquece que Deus está vendo essas coisas, mas a
mais alegre certeza em todas estas palavras de conforto é a declaração da
grande Entidade, do Ser extraordinário, que vive para todo o sempre, e que é o
árbitro da morte e da sepultura, porque Ele diz: "Eu tenho as
chaves da morte e do hades (isto
é, da sepultura no grego original).
A morte é um tirano vencido, ela pode
aplicar-se à sua macabra tarefa de amontoar nos sepulcros, através dos
séculos, as preciosidades da terra. Pode
se envaidecer durante certo tempo com seu triunfo aparente, mas, na verdade, realiza um trabalho infrutífero, porque a chave da sua escura prisão foi
arrebatada das suas garras, está, agora, segura nas mãos de alguém mais
poderoso que a morte. Ela é obrigada a depositar os seus troféus num terreno
onde outro tem absoluto domínio, e este é o imutável amigo, este é o amigo
único de todas as horas, principalmente nas más, nas horas ruins, nas horas
tristes da solidão e do abandono, este é o Redentor daqueles que O amam. Vós,
portanto, não vos entristeçais e também não choreis os justos que partiram
antes de vós, eles estão num porto seguro. Durante um pouco de tempo o inimigo
o retém, mas um Amigo, de força maior, possui a chave da prisão. Esse amigo é
Jesus que venceu a morte! E cada um de nós também vai vencer a morte com o
poder de Jesus!
Finalmente, o versículo 19:
"Escreve as
coisas que tens visto, e as que são e as que depois destas hão de
acontecer."
Neste versículo é dado a João, o
Evangelista, na ilha de Patmos, desterrado por causa do seu testemunho da
Palavra de Deus, uma ordem peremptória para escrever toda a REVELAÇÃO que se
referia, principalmente, a acontecimentos que estavam no futuro, até o fim
deste ciclo em que nós estamos.
Em alguns casos raríssimos haveria referência a
acontecimentos então passados ou presentes. Mas essas referências tinham apenas
o fim de preparar o caminho para acontecimentos que deviam realizar-se depois
daquele tempo de modo que nenhum elo pudesse faltar na corrente.
Agora é que
vamos entrar mesmo no significado importantíssimo nas mensagens às sete Igrejas,
e vocês vão ver quanta coisa preciosa está oculta até hoje aos olhos dos que
não têm olhos de ver e, entretanto, pregam
Evangelho sem saber
Apocalipse. Hoje,
quem não sabe
Apocalipse já não sabe Evangelho. É o reverso. Temos que unir o verso e o
reverso, porque ambos são inseparáveis.
Sim, meus amigos e meus irmãos,
guardem atentamente o significado destas mensagens às sete Igrejas que, na
verdade, são mensagens a todos os cristãos da humanidade.
Capítulo 1, versículo 20; e capítulo
2, versículos 1 a 7.
Vimos o versículo 19:
"escreve as
coisas que tens visto e as que são e as que depois destas hão de
acontecer", entramos no versículo 20: "O mistério das sete estrelas
que viste na minha destra e dos sete castiçais de ouro, as sete estrelas, são
os anjos das sete igrejas, e os sete castiçais que viste são as sete igrejas do
Senhor".
Ora, representar Jesus, o Filho do
Homem, isto é, Deus feito homem, tendo na sua mão apenas os ministros das sete
igrejas da Ásia Menor, andando apenas no meio dessas sete igrejas, seria
reduzir, sinceramente, as sublimes representações e declarações deste capítulo, como também nos seguintes, à maior das insignificâncias. O cuidado providencial
e presença do Senhor não se exercem apenas junto de um número restrito de
igrejas, mas junto de todo o seu povo, isto é, de toda a Cristandade.
E agora a
Cristandade, como nós a vemos pela revelação do Novo Mandamento: sois todos
irmãos com diferentes nomes, católicos, protestantes, espíritas, umbandistas,
judeus, muçulmanos, esotéricos, teósofos ou teosóficos, e assim por diante. Não
podemos apenas olhar Jesus assim, não apenas no tempo de João, nem através de
todos os séculos, mas o Cristo cósmico, enfeixando no regaço todas as suas
ovelhas do mundo com aquelas palavras que ainda estão dentro no nosso coração:
"Eu estarei
convosco, todos os dias, até o fim do mundo, até a consumação dos
séculos".
Mas depois de apresentar o assunto do
capítulo 1 com referência geral às sete Igrejas, representadas pelos "sete
castiçais", e aos missionários, ou ministros, ou responsáveis pelas igrejas, representados pelas "sete estrelas",
João toma agora, cada Igreja em particular, e escreve a respectiva mensagem,
dirigindo-a, em cada caso, ao anjo da Igreja como está no original:
"Escreve ao
anjo da Igreja que está em Éfeso: Isto diz aquele que tem na sua destra as sete
estrelas e que anda no meio dos sete castiçais de ouro: Eu conheço as tuas
obras, o teu trabalho, a tua paciência, sei que não podes sofrer ou suportar os
maus e puseste à prova os que se dizem ser apóstolos e não o são, porque tu os
achastes mentirosos, e sofreste e manténs a paciência e trabalhaste pelo meu
nome e não te cansaste. Tenho porém contra ti que deixaste a tua primeira
caridade, o teu primeiro amor. Lembra-te, portanto, de onde caíste e
arrepende-te, e praticas as primeiras obras senão brevemente virei a ti,
tirarei do teu lugar o seu castiçal, se não te arrependeres. Isto tens de bom,
porém, odeias as obras dos nicolaítas, as quais eu também odeio. Quem tem
ouvidos ouça o que o espírito diz às igrejas do Senhor. Ao que vencer eu lhe darei
a comer o fruto da árvore da vida que está no meio do paraíso de Deus".
É muito importante esta mensagem
primeira, dirigida à Igreja de Éfeso. A propósito do capítulo 1, versículo 4,
foram apresentados alguns motivos pelos quais as igrejas, ou melhor ainda, as
mensagens dirigidas a elas deviam ser consideradas como proféticas, tendo a sua
aplicação a sete períodos distintos que abrangiam a Era Cristã.
Podemos acrescentar agora que este
ponto de vista não é novo, nem local. O famoso Benson cita o Bispo Newton, a
dizer:
"Muitos pretendem, e entre eles homens sábios como More e Vitringa,
que as sete epístolas são proféticas e se referem a outros tantos períodos ou
estados sucessivos da Igreja Cristã, desde o seu princípio até o fim dos
tempos".
E diz Scott:
"Muitos expositores do Apocalipse tem pensado que estas epístolas, às sete igrejas da Ásia, são profecias místicas de sete períodos distintos em
que devia ser dividido todo espaço compreendido, desde os dias dos apóstolos até
o fim do mundo".
Embora Newton discorde, não aceite
esta maneira de ver, seu testemunho é de valor, porque mostra que foi a maneira
de ver de muitos intérpretes bem intencionados do Apocalipse, mas não
iluminados. Tem sido defendida por
alguns comentadores de valor uma opinião que pode ser resumida nas seguintes
palavras de Vitringa: "que sob esta representação emblemática das sete igrejas
da Ásia, o Espírito Santo delineou sete estados
diferentes
da
Igreja Cristã que apareceriam, em
sucessão, estendendo-se até a volta de Cristo Jesus, isto é, até a
consumação de todas as coisas". Que isto é apresentado em descrições tomadas dos
nomes, estados e condições destas igrejas, de maneira que pudessem contemplar a
si próprias, e ver, tanto as suas boas qualidades como os seus defeitos;
finalmente, e que conselhos e exortações lhes eram apropriados.
Ora, Vitringa apresentou um resumo dos
argumentos que podem ser aduzidos em favor desta interpretação. Até que alguns
deles são engenhosos, mas não são hoje
considerados suficientes para apoiar semelhante teoria.
Um dos
principais comentadores ingleses que adota um modo de ver de que são profecias
das Igrejas do Cristo em diversos períodos de tempo, até que Ele apareça de
novo, isto é, até o dia da Sua volta. Pelos
autores citados, premeditadamente, nota-se que o que levou os comentadores dos
tempos modernos a pôr de lado a ideia da natureza profética das mensagens às
sete igrejas, foi a doutrina, relativamente recente, sem base bíblica, do milênio
temporal.
O último período da Igreja, como vem
descrito no capítulo 3, versículos 15 a 17, parecerem incomparáveis com o
glorioso estado de coisas que devia existir na terra durante mil anos com todo
mundo convertido ao Senhor Deus. Daí, neste caso, como em tantos outros casos, o
ponto de vista escriturístico ceder lugar ao mais agradável. Os corações dos
homens, como nos tempos antigos, ainda amam coisas aprazíveis, e os seus ouvidos
estão sempre, favoravelmente, abertos para aqueles que lhes falam de paz e de
felicidade.
Ora, a primeira Igreja é
chamada Éfeso. Segundo aplicação feita aqui, abrangeria o primeiro período, ou
seja, o período apostólico da Igreja Cristã (note-se que, quando falamos aqui
em Igreja Cristã, não estamos falando em Igreja Católica, nem Protestante, nem igreja
Espírita). Para nós, Igreja Cristã é a Cristandade toda, são todos os cristãos,
sejam quais forem as religiões que adotem. Vejam bem a amplitude
desta definição. Cristianismo para nós não é apenas
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