porque havia sete selos enrolados,
cada um dentro dos outros, cada um dos quais selado, de modo que, depois de abrir e desenrolar o primeiro, aparecia o
segundo selado até ser aberto, e, assim, sucessivamente, até o sétimo selo. Ainda
sobre este ponto, observa Scott:
"Parecia um
rolo composto de vários pergaminhos segundo o costume daquele tempo, embora
fosse de supor que estavam escritos por dentro nada se podia ler antes dos
selos serem abertos. Via-se, depois, que continha sete pergaminhos ou pequenos
volumes, cada um dos quais separadamente selados. Mas, se todos os selos
estavam do lado de fora, nada se podia
ser lido antes de se abrir o selo deles, visto que a abertura de cada folha era
seguida por alguma descoberta do conteúdo. Todavia, a aparência exterior
indicava que eram sete".
Benson: "Os compridos rolos de
pergaminhos usados pelos antigos, que chamamos livro, eram, em geral, escritos
somente de um lado, naquele que, ao se enrolar, ficava voltado para
dentro". Aqui ele diz: "Este livro não devia estar escrito por dentro
e também pela parte de fora, como a acentuação da nossa versão comum leva a
crer". Diz Wesley, Benson, Grocio, Scott, e outros, usam a vírgula exatamente
assim: "Escrito por dentro e por traz selado (ou por fora)". Como
estavam colocados estes selos já ficou, suficientemente, explicado pelas notas
que aqui comentamos.
Vamos, então, ao versículos 2 a 4:
"E vi um anjo
forte bradando com grande voz: Quem é digno de abrir o livro, e desatar os seus
selos? E ninguém no céu, nem na terra, nem debaixo da terra podia abrir o livro,
e eu chorava muito porque ninguém fora
achado digno de abrir o livro nem de ler, nem de olhar para ele".
Isto é muito interessante! A
interpretação deste livro é a coisa mais importante do mundo na atualidade,
porque nos conta tudo o que vai acontecer até o fim dos tempos.
"Quem é
digno?" "Quem é digno de abrir o livro?"
Este que aqui se vê, segura este livro
à vista do Universo, e um anjo forte, de grande poder, avança como um
pregoeiro: com a voz potente, convida as criaturas do Universo a experimentarem
se a sua sabedoria consegue desvendar os desígnios de Deus. Quem poderá ser
achado digno de abrir o livro e desatar os seus selos? Então, se segue uma
pausa, esse imenso Universo reconhece a sua incapacidade, reconhece a sua
indignidade para entrar nos desígnios do Criador. Como está no grego original:
"ninguém no céu". Não apenas nenhum homem, mas ninguém, nenhum ser no
céu foi achado digno.
Não temos aqui uma prova definitiva de que as faculdades
dos Anjos são limitadas como as dos homens, claro, que neste aspecto de
penetrar no futuro e desvendar o que tem de suceder neste particular? Isto é
digno de meditação! Nem aos Anjos é dado saber.
Quando o apóstolo vê que ninguém podia
abrir o livro, que os mesmos eram os desígnios de Deus nele contidos referentes
ao seu povo e que jamais fossem descobertos. Você não fica impressionado,
apavorado às vezes com certos fatos concernentes ao futuro dos seus filhos?
Pois é isso. Você não vive a ternura natural dos seus sentimentos devido ao seu
interesse pela Igreja do Novo Mandamento, a Igreja Universal do Cristo? São
João evangelista chorou, e chorou muito.
Sobre a frase: "Eu chorava
muito", Benson, que é um dos grandes expositores, oferece o seguinte
comentário:
"Profundamente
preocupado com o pensamento de que ninguém se achava digno de compreender, de
revelar e cumprir os divinos desígnios, e temendo que ainda continuassem
ocultos à Igreja, então fica em prantos, e este pranto do Apóstolo brotou da
grandeza desta alma, da ternura do coração que sempre teve, aparece agora, mais
claramente, porque ele já está fora de si."
É, meus amigos e meus irmãos, o
Apocalipse não foi escrito sem lágrimas nem será compreendido sem lágrimas, e
veja quem tem olhos de ver, e ouça quem tem ouvidos de ouvir! Até para decifrar
o Apocalipse temos de sofrer o bloqueio da treva, porque a treva não quer a
vitória da luz, e, quando se acende a luz, dissolve a treva, porque a treva
ainda quer reinar. Compreendeste?
Versículos 5 a 7:
"Disse-me um
dos anciãos: Não chores; eis aqui o Leão da tribo de Judá, a raiz de Davi, que
venceu para abrir o livro e desatar os seus sete selos. E olhei, e eis que
estava no meio do trono e dos quatro seres viventes e entre os anciãos um Cordeiro
como tendo sido
morto e possuía
sete pontas e sete olhos, que são os sete Espíritos de Deus enviados a toda a
terra. E veio e tomou o livro da destra do que estava sentado no trono".
Vejam, aqui é dito a João, o Evangelista,
"que
não chores mais".
Deus não quer que seja ocultado nenhum conhecimento que possa beneficiar seu
povo (esse povo não é o judaico, não é o católico, não é o protestante, não é o
espírita, não é o budista, não é o hinduísta: é o povo do Novo Mandamento, é o
povo do Amor Universal: todas as ovelhas boas de todos os rebanhos reunidas num
só rebanho pelo próprio Jesus). E Deus não quer que seja ocultado deste povo,
seu legítimo povo, qualquer conhecimento que possa beneficiá-lo.
Então,
finalmente, aparece a possibilidade de abrir o livro, por isso um dos anciãos
lhe diz: "Não chores mais; eis aqui o Leão da tribo de Judá, a raiz de Davi,
que venceu para abrir o livro e desatar seus sete selos". Não vemos motivo para que um dos
anciãos, de preferência a qualquer outro ser, desse essa informação ao Evangelista, o Profeta, a não ser o fato de tendo sido remido, estar,
especialmente, interessado em tudo que diz respeito ao bem-estar da Igreja
neste mundo. Mas o Cristo é chamado aqui de "o Leão da tribo de
Judá".
Por que é chamado de Leão? E por que
da tribo de Judá?
Quanto ao primeiro título é para
significar sua força. Se o leão é o rei dos animais, é o monarca da floresta,
torna-se, então, um emblema apropriado a utilidade e poder reais para o
Cordeiro de Deus.
E "da tribo de Judá"? Porque, conforme a tradição, esse
título é derivado da profecia da Gênese, capítulo 49, versículos 9 e 10, Moisés
narrando a cena final da vida de Jacó
(ou de Israel) falando a seus filhos (os doze filhos de Israel, os doze filhos
do velho Jacó) porque o Messias já era anunciado desde Moisés. Eis aí o
tesouro: usando os dois Testamentos (o Novo
e o Antigo).
E "a raiz de Davi"?
É a origem e sustentáculo da posição
do poder de Davi, o rei profeta. Não pode haver dúvida de que a posição de Davi
foi especialmente ordenada por Jesus e, especialmente sustentada por Ele. Davi
era o tipo, o Cristo o antítipo. O trono e o reino de Davi sobre Israel está o
princípio do reino do Cristo sobre o seu povo, então Ele há de reinar sobre o
trono de Davi conforme a tradição judaica. Basta ver o Evangelho de Jesus
segundo Lucas (capítulo 3, versículos 32 e 33), como o Cristo apareceu na pele
dos descendentes de Davi ao tomar a
nossa natureza, e, também, chamado "a Geração de Davi". Um rebento do tronco de Jessé, basta ver o
profeta Isaías (capítulo 11, versículo 10), comparado ao Apocalipse, que diz no
capítulo final deste livro (capítulo 22, versículo 16): "Eu sou a
Raiz e a Geração de Davi".
E assim, estabelecida a sua relação
com o trono de Davi e mostrado seu direito de governar sobre o trono de Deus,
havia razão para se lhe confiar a abertura dos sete selos.
"Venceu": Esta palavra "venceu"
indica que o direito de abrir o livro foi adquirido por uma vitória ganha em
algum conflito anterior, é lógico. Assim o vemos em algumas passagens
subsequentes deste capítulo. A própria cena que se segue nos leva à grande obra do
Cristo como Redentor da Humanidade e ao derramamento do seu sangue
para remissão de pecados, para salvação de todos os homens.
Nesta obra esteve sob os mais ferozes
ataques de Satanás, que é a condição humana, porque o homem ignorante é
Satanás, a mulher ignorante é Satanás, e até (...) é Satanás, e há criança que
são verdadeiros satanazinhos. Mas Jesus suportou as tentações da condição
humana, sofreu as agonias da cruz, venceu a morte. Ressuscitou vitorioso da
morte e do sepulcro; assegurou o caminho da redenção. Numa palavra: Jesus
venceu! Jesus triunfou! Isto é muito parecido com o triunfo extraordinário do
Novo Mandamento de Jesus: "Amai-vos uns aos outros
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