sexta-feira, 5 de julho de 2019


Não era por um assalto violento feito aos gregos que o seu Império havia de ser derrubado e perdida a sua independência, entenderam bem? Mas, sim, pela entrega voluntária e simples dessa independência nas mãos dos turcos através de Murad II. A autoridade ou supremacia do poder turco foi reconhecida quando Constantino disse virtualmente: "Não posso reinar sem que vós o permitais". Ora, os "quatro anjos" foram soltos por uma hora, um dia, um mês e um ano. Para quê? Para matar a terça parte dos homens.

Este período, durante o qual devia existir supremacia otomana perfaz 391 anos  e  15 dias.   Com  efeito,  um  ano  profético corresponde a 360 dias proféticos, ou 360 proféticos corresponde a um ano literal, e uma hora (ou vigésima quarta parte de um ano literal) é 15 dias. Então somando tudo encontramos 391 anos e quinze dias. Mas apesar de os quatro anjos serem, assim, soltos pela voluntária submissão aos gregos, outra ruína aguardava a sede do Império, porque Murad II, o sultão, a quem foi feita a submissão de Constantino XIII e, com sua permissão, este reinou em Constantinopla (isto é fato histórico), morreu pouco depois, sucedendo-lhe no Império, em 1451, Maomé II que pôs em seu coração conquistar Constantinopla para sede do seu Império.

Maomé II fez, portanto,  preparativos para cercar e tomar a cidade: o cerco começou em 6 de abril de 1453, e terminou com a tomada da cidade e a morte do último dos Constantinos, em 16 de maio seguinte. E a cidade Oriental dos Césares se tornou a sede do Império Otomano (também é fato histórico). As armas e processos de guerra usados no cerco em que Constantinopla foi tomada, foram, como veremos, distintamente notados pelo Revelador. E é bom observar que o Revelador, aqui, é o próprio Jesus, que se serve do seu servo João, o evangelista e agora profeta; o autor terreno, digamos assim, deste Apocalipse.

"E o número dos exércitos dos cavaleiros (versículo 16) era de duzentos milhões, eu ouvi o número deles".

Inumeráveis  hordas  de  cavalos  daqueles  que  os  montavam (Gibbon escreve assim a primeira invasão do território romano pelos turcos), miríades de cavalos turcos se espalharam por uma frente de seiscentas milhas, desde o Tauro a Erzerum, e o sangue de cento e trinta mil cristãos foi um grato sacrifício ao profeta Maomé. Alguns supõem que é apresentado duas vezes o número duzentos mil, segundo alguns intérpretes, encontram esse número de guerreiros turcos no cerco de Constantinopla.

Dizem outros, que duzentos mil significam todos os guerreiros, evidentemente turcos, durante os trezentos e noventa e um anos e quinze dias do seu triunfo sobre os gregos. Nada eles podem afirmar, porém, sobre este ponto. Nenhum deles pode afirmar nada a este respeito, como veremos mais tarde.

No versículo 17, desse mesmo capítulo 9:

"E assim, vi os cavalos nesta visão, e os que sobre eles cavalgavam tinham couraças de fogo, e de jacinto e de enxofre, E as cabeças dos cavalos eram como cabeças de leões, e de suas bocas saíam fogo, fumo e enxofre."

Ora, a primeira parte desta descrição alude ao aspecto destes cavaleiros: fogo, como cor, representa vermelho, empregando-se com frequência a expressão "vermelha como fogo"; jacinto, representa o azul; o enxofre, representa o amarelo (e estas cores predominavam muito no vestuário desses guerreiros). De sorte, que a descrição, segundo este ponto de vista, condizia bem com o uniforme turco, que era composto, em larga escala, por vermelho (ou escarlate), azul e amarelo.

"As cabeças dos cavalos eram como cabeças de leões" - representando a sua força, coragem e, também, ferocidade. Por sua vez, a última parte do versículo se refere, sem dúvida,  ao uso da pólvora, armas de fogo para fins guerreiros, introduzidas havia pouco tempo. Como os turcos disparavam suas armas de fogo de cima dos cavalos, parecia ao observador distante, o vidente, que o fogo, que o fumo (o fogo e o enxofre) saíam das bocas dos próprios cavalos. Daí esta visão, assim dada aos observadores que têm olhos de ver.

Entre os comentadores existe um acordo geral em aplicar a profecia acerca do fogo, do fumo e do enxofre ao uso de armas de fogo pelos turcos na sua luta contra o Império do Oriente (basta ver Clarke, Burns, Elliot e também A. Cotter Paiva. Mas, em geral, alude apenas a artilharia, aos grandes canhões empregados por este poder. Mas a profecia mencionar, especialmente, os cavalos e o fogo que saía das bocas dos cavalos como se fossem usadas armas pequenas de cima dos cavalos está, evidentemente, explicado.

Burns pensa que assim acontecia, e uma frase de Gibbon confirma esse parecer. Diz ele: "As incessantes arremetidas de lanças e dardos eram acompanhados pelo fumo, o som e o fogo dos seus arcabuzes e canhões". Temos aqui, portanto, uma boa evidência histórica de que os arcabuzes  foram usados pelos turcos, e por outro lado é inegável que em suas guerras  combatiam,  principalmente,  a cavalo.   E,  pois  bem  apoiada  a conclusão de que usavam armas de fogo a cavalo, cumprindo exatamente a profecia do Apocalipse.

Ainda acerca do uso das armas de fogo, pelos turcos na sua campanha contra Constantinopla, vale a pena ver "As Horas Apocalípticas", de Elliot,  no volume I, página 482 e 484, onde diz o seguinte: 

"A morte da terça parte dos homens, isto é, a tomada de Constantinopla e, por consequência, a destruição do Império Grego, foi devido ao fogo, fumo, enxofre: artilharia e armas de fogo de Maomé. Mais de 1.100 anos tinham já decorridos desde a sua fundação por Constantino, e durante esse tempo, godos, hunos, persas, búlgaros, sarracenos, russos e os próprios turcos otomanos tinham feito seus assaltos hostis ou posto cerco contra ela. Entretanto, as fortificações eram inexpugnáveis para eles; Constantinopla sobreviveu e com ela o Império Grego, daí a ansiedade do sultão Maomé encontrar o que pudesse remover aquele obstáculo".

"Podes fundir um canhão?" Foi a pergunta ao fundidor de canhões, que, para junto dele, desertou, e concluiu: "Um canhão de tamanho suficiente para abater os muros de Constantinopla?" Pois bem, a fundição foi imediatamente estabelecida em Adrianópolis. O canhão foi fundido, a artilharia foi preparada e o cerco teve início. 

É digno de nota como Gibbon (sempre um consciente comentador da profecia do Apocalipse) põe este novo instrumento de guerra no primeiro plano do seu quadro na sua eloquente e impressionante narrativa da catástrofe final do Império Grego. Em preparação para ela, apresenta a história da recente invenção da pólvora, na mistura salitre, enxofre e carvão.

Fala do seu primeiro uso pelo sultão Murad II, e, também, como já dissemos, da fundição de maiores canhões por Maomé II em Adrianópolis. E depois no regresso do próprio cerco, descreve: Como as arremetidas de lanças e dardos eram acompanhadas pelo fumo, e som, o fogo das espingardas e canhões, como a extensa ordem da artilharia turca fazia fogo contra as muralhas, troando ao mesmo tempo 14 baterias sobre os lugares mais acessíveis, como as fortificações que durante séculos tinham  resistido  à  hostil  violência,  agora  se  desmantelavam, por toda parte, sob os canhões otomanos. Muitas brechas se abriam, e, perto da porta de São Romano, quatro torres desmoronaram. 

Mais ainda, como e quanto para todos os lados das linhas das galés e da ponte, a artilharia otomana fazia fogo, e o campo e a cidade deles, os turcos, estavam envolvidos numa nuvem de fumo que apenas poderia ser repelida pela libertação ou destruição final do Império Romano. Finalmente, como as duas muralhas foram reduzidas pelos canhões a um montão de ruínas, e os turcos arremessando-se através das brechas, Constantinopla foi tomada, seu Império subvertido, sua religião conspurcada pelos conquistadores maometanos.

Repito: É digno de nota como Gibbon atribui de um modo tão claro e impressionante a tomada da cidade, e, desse modo, a destruição do Império pela artilharia Otomana. Que é isso senão comentários às palavras desta profecia? "Com estas três pragas foi morta a terça parte dos homens, isto é, pelo fogo, pelo fumo e pelo enxofre que saía das suas bocas".

Temos, agora, o versículo 18 deste mesmo capítulo 9 do Apocalipse, aliás versículos 18 e 19, que se completam:

"Por estas três pragas foi morta a terça parte dos homens, isto é, pelo fogo, pelo fumo e pelo enxofre que saíam da sua boca, porque o poder dos cavalos está na sua boca e nas suas caudas, porquanto as suas caudas são semelhantes à serpentes, tem cabeça, e com ela danificam." 

Ora, se estes dois versículos exprimem o efeito mortal do novo modo de guerra introduzido, foi por meio destes agentes, pólvora, armas de fogo e canhões que Constantinopla foi, finalmente, conquistada e entregue nas mãos dos turcos.



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