Há alguns exemplos em que se fala de
Satanás como derrotado ou abatido: um, foi a sua primeira rejeição do céu; outro,
quando o Cristo venceu no seu primeiro advento, e haverá outro no futuro, em
que há de ser lançado no abismo e preso por mil anos (está aqui na Palavra de
Deus). E em cada ocasião sucessiva, segue-se, regularmente, limitada a
ascendência do seu poder (de Satanás). Desce um degrau em cada combate que
trava.
A primeira vez (como claramente
podemos concluir de certas passagens) a contenda foi entre ele (Satanás) e Deus
(Deus Pai), como diz São Pedro na II Epístola, capítulo 2, versículo 4. A
segunda vez, entre ele (Satanás) e o Cristo (o Filho de Deus, o Filho
Unigênito) como na passagem que temos diante de nós. E a terceira vez, bastará
um anjo para realizar a obra da sua destruição. É o que veremos no capítulo 20 deste Apocalipse, versículos 1 e 2.
Desde a sua primeira contenda não lhe foi
permitido subir à dignidade de contender com o Eterno Pai. Desde a segunda não
mais teve o privilégio (se assim isto se pode chamar) de um encontro pessoal
com Cristo, o Filho. A guerra mencionada, na passagem que temos diante de nós,
é entre Satanás e Miguel, que aí representa o Cristo. O grande esforço do
primeiro contra o último, pessoalmente, foi durante Sua missão aqui na terra, e a grande vitória pessoal do Cristo sobre ele foi nessa mesma demanda.
"Nem mais o
seu lugar se achou no céu". O céu, como já vimos, não significa. neste capítulo, o
lugar de habitação de Deus e de seus anjos ou mensageiros celestiais.
Referem-se, aqui, sem dúvida, mais a uma condição do que a um lugar. A
expressão significaria, portanto, que foram aqui humilhados e jamais
recuperariam sua primeira posição.
Desde então a Igreja (a mulher) seria
o objeto da sua malícia. Contra ela recorre a todos os nefandos meios que,
naturalmente, caracterizam uma ira importante e desesperada. Isso nos lembra,
também, a mesma tática ou estratégia
contra nós. De tudo lançam mão os inimigos: do deboche, do desprezo, do
bloqueio econômico/financeiro.
O final do capítulo 12, versículo 12,
contém esta advertência: "Ai da terra e do mar, porque Satanás desceu até vós cheio de
grande cólera, sabendo que lhe resta pouco tempo." É um dos pontos altos do Apocalipse: Satanás sabendo que
lhe resta pouco tempo procurando nos bombardear por todos os lados.
Em cada ocasião sucessiva, segue-se,
regularmente, uma limitação crescente do seu poder, daí o seu desespero. Satanás
é a treva, é a ignorância, é a involução, é o subdesenvolvimento mental, moral,
espiritual e intelectual. É Satanás descendo um degrau em cada combate que trava.
Já vimos aqui, a primeira vez, como
claramente concluímos de certas passagens da Bíblia Sagrada, a luta foi direta
com o próprio Deus Pai (como está na Epístola II de São Pedro, capítulo 2,
versículo 4).
A segunda vez, entre Satanás e o
próprio Cristo, o Filho Unigênito de Deus (como na passagem que temos aqui, no
Apocalipse diante de nós).
Finalmente, a terceira vez, o que é
que vemos para nossa alegria? Basta um anjo para realizar a obra da liquidação
do espírito do mal, o espírito da treva, e é o que vamos ver, neste mesmo
Apocalipse, capítulo 20, versículos 1 e 2.
Desde a sua primeira contenda não lhe
foi permitido subir à dignidade de contender com o Eterno Pai. Desde a segunda,
não mais teve o privilégio, se assim se pode dizer privilégio, de um encontro
pessoal com o Cristo. A guerra mencionada nas passagens que temos diante dos
olhos é entre Satanás e o anjo Miguel
(que representa o Cristo).
O grande esforço do primeiro contra o
último, pessoalmente, foi durante Sua
missão aqui na terra que nós estamos, ainda, habitando. E a vitória
extraordinária, a vitória pessoal de Jesus sobre ele foi nessa mesma contenda. Nem
se achou mais o seu lugar no céu, isto é muito importante! Mas céu, como já
vimos, não significa, neste capítulo, o lugar que é habitação de Deus e dos
seus anjos ou emissários, espíritos iluminados, mas sim, sem dúvida,
referindo-se a uma condição específica, não a um lugar. A expressão significa
que foram, assim, humilhados, e jamais recuperariam a sua primazia original.
A seguir, eleva-se um cântico no céu: "Agora
chegada está a salvação".
Mas como pode ser isto, se estas cenas estão no passado? Veja quem tem olhos de
ver. Já tinha vindo, então, a salvação? Já tinha vindo a força do reino de Deus, o
poder do Cristo? Não, absolutamente, não! É que este cântico foi cantado com
antecedência: é que aquelas coisa se haviam tornado certas. A grande vitória
tinha sido ganha pelo Cristo de Deus, que pôs a questão do seu estabelecimento
para sempre em repouso, exatamente como lemos noutras passagens. Temos a vida
eterna, temos a redenção pelo seu sangue, como se estivéssemos já na posse
atual destas bênçãos, quando é certo que apenas as temos pela fé, e a linguagem
é simplesmente uma garantia de que estão, para sempre, seguras para os
vencedores finais.
O
profeta lança, então, um rápido olhar para a ação de Satanás desde
aquela altura até o fim. Os versículos 11 e 12, durante cujo tempo os fiéis
irmãos o vencem pelo sangue do Cordeiro de Deus e pela Palavra do seu
testemunho, embora a raiva dele aumente à medida que o tempo se abrevia, embora
operando através de poderes terrenos, Satanás, pessoalmente, é o principal
agente desde o versículo 9 ao 17 nesta passagem apocalíptica.
Capítulo 12, versículos 13 a 17: "E quando, o
dragão viu que fora lançado na terra, perseguiu a mulher que dera à luz o filho
varão; e foram dadas à mulher duas asas de grande águia, para que voasse para o
deserto, ao seu lugar, onde é sustentada por um tempo, dois tempos e metade de
um tempo, fora da vista da serpente. E a serpente
lançou da sua boca, atrás da mulher, água como um rio, para que pela corrente a
fizesse arrebatar. E a terra ajudou a mulher; e a terra abriu sua boca e
engoliu o rio que o dragão lançara da sua boca. E o dragão irou-se contra a
mulher e foi fazer guerra ao resto da sua semente, os que guardam os
mandamentos de Deus e têm o testemunho de Cristo Jesus."
É uma linda passagem, e na verdade de
poucos comentários precisam estes versículos 13 a 17. Basta dizer que aqui
somos de novo levados ao tempo em que Satanás se convenceu, absolutamente, de
que tinha fracassado completamente em todas as suas tentativas contra Jesus,
Rei e Senhor dos senhores. Vendo que fracassou na tentativa de inutilizar a
missão terrestre de Jesus, vendo isso, voltou-se com duplicada raiva para a
Igreja estabelecida por Jesus, o Cristo de Deus.
E aqui nos é apresentada, de novo, a Igreja
indo para aquela condição denominada, aqui mesmo, de deserto. Isto quer
representar um estado em que se encontra sequestrada dos olhos públicos e
oculta dos seus inimigos mortais. A igreja que, durante todos os séculos
escuros, ativamente ditava as suas ordens aos submissos ouvidos da cristandade
e pavoneava os seus ostentosos estandartes perante multidões embasbacadas, não
era a Igreja do Cristo: ERA O CORPO DO MISTÉRIO DA INIQUIDADE. O Mistério da
Piedade era Deus se manifestando entre nós como homem: JESUS, O VERBO FEITO
CARNE, O PRÓPRIO DEUS FEITO HOMEM PARA NOSSA REDENÇÃO.
O mistério da iniquidade era um homem
pretendendo ser deus. Esta foi a grande apostasia, o mestiço produzido pela
união do cristianismo com o paganismo triunfante, mas a verdadeira Igreja
estava longe da vista deles, estava em lugares secretos, onde os crentes
adoravam a Deus em espírito e verdade. As cavernas e recessos ocultos nos vales
do Piemonte podem ser tomadas como locais representativos onde a verdade do
Evangelho sagradamente foi protegida da fúria dos inimigos. Deus, aqui, velava
pela sua Igreja e pela sua providência. Ele a protegia, Ele a alimentava!
As "asas de águia" que lhe foram dadas significam,
apropriadamente, a pressa com que a verdadeira Igreja foi obrigada a procurar a
sua própria segurança quando o homem do pecado se instalou no poder, bem como,
a assistência que Deus lhe deu para este fim. A mesma figura é empregada para
descrever as relações de Deus com o antigo Israel. Isto diz Ele, através de
Moisés: "Vós tendes visto o que eu fiz aos Egípcios, como vos levei sobre
asas de águia e vos trouxe a mim" (Moisés no livro de Êxodo, capítulo 19, versículo 4).
Mas o Povo de Deus não é o povo de
hoje; o de Moisés é um povo diferente e merecia, realmente, ser o Povo de Deus,
o outro é o povo do bezerro de ouro, e não é este povo que nos referimos aqui.
É a mesma advertência do Cristo: "Sê fiel até a morte e eu te darei a coroa da
vida".
Os que colocam o dinheiro acima de Deus não podem ser fiéis até a morte; não
receberão a coroa da vida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário