O Cristianismo desse tempo tinha
subido ao trono e empunhado o emblema do poder civil. Evidentemente, este
símbolo também se repete através da história. Está se repetindo até hoje,
porque a Igreja deve estar separada do Estado. Mas quando foi que esteve no
Brasil? Nunca! O governo é governado pela Igreja Católica Apostólica Romana,
quem puder provar o contrário que se apresente. Não, ninguém se apresentará,
porque esta é a verdade, e isso é condenado na Lei Divina, daí este símbolo
vermelho (e ainda voltaremos a ele).
Capítulo 6, versículos 5 e 6:
"E havendo
aberto o terceiro selo, ouvi dizer ao terceiro animal: Vem, e vê! E olhei, e
eis um cavalo preto, e o que estava sentado tinha uma balança na mão. E ouvi
uma voz no meio dos quatro animais que dizia: uma medida de trigo por um
dinheiro; três medidas de cevada por um dinheiro; e não danifiques o azeite e o
vinho."
Eis ai, com que rapidez progride a
obra da corrupção! Que contraste entre a cor deste símbolo e a do primeiro:
"um cavalo preto..." a oposição total do branco. Deve ser
representado por este símbolo um período de grande treva e corrupção moral da
igreja. O tempo que ocorreu entre o reinado de Constantino e o estabelecimento
do papado, em 538, pode ser, com razão, considerado o tempo em que se
levantaram os mais obscuros erros e as mais grosseiras superstições. Do período
que imediatamente se seguiu os dias de Constantino, Mosheim escreve:
"As
vãs ficções que, antes de Constantino a maior parte dos doutores cristãos
pegados à Filosofia Platônica e as crendices populares tinham abraçado, eram
agora confirmadas, ampliadas e embelezadas de várias formas."
Daí se originou a extravagante
veneração pelos santos mortos, as absurdas noções que agora prevaleciam e que
se veriam representadas por toda parte, de certo fogo destinado a purificar as
almas desencarnadas. Daqui, também, o celibato dos padres, a adoração de
imagens, relíquias, e, com o andar do tempo, destruiu quase por completo a Religião,
ou, pelo menos, eclipsou o seu brilho. Corrompeu da maneira mais deplorável a
sua própria essência. Um enorme cortejo de superstições foi substituindo,
gradualmente, a verdadeira Religião, a genuína piedade. Esta odiosa revolução
procedeu de uma variedade de causas; uma precipitação ridícula em receber novas
opiniões, um absurdo desejo de imitar os ritos pagãos, de misturá-los com o
Culto Cristão genuíno e a frívola propensão que a humanidade, em geral, tem para com a religião de pompa e
ostentação.
Tudo isto, amigo, contribuiu para
estabelecer o reino da superstição sobre as ruínas do Cristianismo primitivo.
Ainda bem que não houve Cristianismo até hoje, esta é que é a verdade.
Felizmente, só agora com o Novo Mandamento revelado começará a haver
Cristianismo. Não sei se vocês estão entendendo bem, realmente é difícil
explicar todos estes símbolos numa linguagem que o povo possa dizer: Entendi
logo. Por isso mesmo estamos com aqueles cânticos: "Santo, Santo, Santo ..."
e não cessam de cantar, também eu não
cessarei de pregar até que todos entendam perfeitamente.
A "balança" significava que
a religião e o poder civil se haviam de unir na pessoa que administraria o
poder executivo do governo e que pretenderia a autoridade judicial, tanto sobre
a igreja como sobre o Estado. Com efeito, assim aconteceu com os imperadores
romanos, desde Constantino até Justiniano, que deu o mesmo poder judicial ao
Bispo de Roma.
O "trigo e a
cevada":
As medidas de trigo e cevada por um dinheiro significam que os membros da
igreja procurariam, avidamente, os bens do mundo, que o amor ao dinheiro seria
o espírito predominante desses tempos a ponto de se desfazerem de qualquer
coisa por dinheiro; quem nos diz é Mosheim.
E "o azeite e o vinho": Isto representa as graças do
Espírito, a fé e o amor, e havia grande
perigo de danificá-los sob a influência de tão grande espírito mundano. E é bem
comprovado, por todos os historiadores, que a prosperidade da igreja, nesse
tempo, produzia corrupções que, finalmente, terminaram na apostasia e com o estabelecimento do
anticristo (ainda é Mosheim quem escreve).
Deve observar-se que a voz que atribui à medida de trigo e preço em dinheiro, diz: "Não danifiques o azeite e o
vinho", não é proferida por alguém no mundo, na terra, mas vem do meio dos
quatro animais, significando que, apesar de sub pastores (os professos
ministros do Cristo, seus representantes), não cuidarem do rebanho. O Senhor não
se esquece dele (o rebanho) neste período de trevas. Então vem uma voz do céu: "Toma
cuidado de que o espírito do mundanismo, da corrupção, não prevaleça de tal
modo que o Cristianismo se perca inteiramente. Que o azeite
e o vinho, as graças da genuína piedade, inteiramente desapareçam da face da
terra".
E ainda vem este apelo: "É a infinita misericórdia de Deus". E aqui, amigos, ficamos no terceiro
selo
Sabemos o que vai acontecer, não há
outro caminho dentro da filosofia positiva do velho Comte: saber para prever,
prever para prover. É a lição do Apocalipse.
Capítulo 6, versículos 7 e 8:
"E havendo
aberto o quarto selo, ouvi a voz do quarto animal que dizia: Vem e vê! E olhei,
e eis um cavalo amarelo e o que estava sentado sobre ele tinha por nome morte;
e o inferno o seguia, e lhe foi dado poder para matar a quarta parte da terra,
com a espada, e com a fome, e com a peste e pelas feras da terra."
Realmente é notável a cor deste
cavalo. As cores dos cavalos branco, vermelho e preto, mencionadas nos
versículos anteriores, são naturais. É
branco, é vermelho, é preto, mas aqui a cor amarela não é natural. A palavra
original no grego não significa o amarelo comum, mas sim, cores pálida ou amarelada, a que se veem nas
plantas crestadas ou doentes, portanto, este símbolo representa um estranho
estado de coisas dentro da igreja.
O que está sentado neste cavalo tem o
nome "morte"; e o inferno (aliás no grego original a palavra
significa "sepultura") o segue. A mortalidade é tão grande durante este
período, que se diria terem vindo sobre a terra as pálidas nações dos mortos. E
seguindo na esteira deste poder desolador (porque, realmente, dificilmente nós poderemos nos enganar quanto a este período
a que se aplica este selo), refere-se ao tempo em que o cesarismo romano exerceu
a sua vontade sem peias, seu domínio prepotente, perseguidor desde 538 até ao
tempo em que os Reformadores começavam a expor as corrupções do sistema
religioso, todas as ignomínias praticadas em nome de Deus. E Deus não tinha
nada com isso. Mas diz a nota marginal que lhe foi dado poder, isto é, ao poder
personificado pela "morte" sobre
o "cavalo pálido" (é o
papismo com a sua inquisição). Pela "quarta parte da terra" é, sem
dúvida, representado o território sobre o que este poder teve jurisdição.
E estas palavras: espada, fome, ou
antes, segundo o original grego, quaisquer tormentos causados e causadores da
"morte", filho da morte e pai da morte. E, ainda, "pelas feras
da terra", figuras
que representam os meios pelos quais levou à morte os seus mártires: cinquenta
milhões, dos quais, pelos cálculos mais baixos, ainda clamam vingança debaixo
do seu altar sanguinolento. Quem é que ignora esse período da perseguição
religiosa e do fanatismo mais cruel que matavam em nome de Deus, como se Deus
tivesse dado a alguém poder para matar, pois se Deus não dá poder a ninguém
para perdoar pecados, para absolver ou condenar como é que vai dar poder a
alguém para, em seu nome, matar, se está nos Dez Mandamentos NÃO MATARÁS?
Então Deus seria contraditório, Deus
seria infantil como qualquer criança leviana. Vejam bem, quanta tolice ainda
permanece até hoje! E ainda há sacerdotes que querem a pena de morte, uma coisa
que está completamente contra os desígnios de Deus, pois se está nos
Mandamentos "não matarás". Como é que alguém quer instituir a pena de
morte em nome de Deus? Ah, bem, há pena de morte nos Estados Unidos, pois,
então, os Estados Unidos são um povo bárbaro, é um povo atrasado que tem a pena
de morte. Um povo elevado não tem pena de morte; aplica todos os castigos
imagináveis, menos a pena de morte, porque isto só a Deus pertence. Eis aí o
"quarto selo" deste capítulo impressionante do Apocalipse.
Capítulo 6, versículos 9 a 11:
"E havendo
aberto o quinto selo, vi, debaixo do altar, as almas dos que foram mortos pelo amor da Palavra de Deus e
por amor do testemunho que deram. E clamavam com grande voz, dizendo: Até
quando, ó verdadeiro e santo dominador, não julgas e vingas o nosso sangue dos
que habitam sobre a terra? E foram dadas a cada um compridas vestes brancas, e
lhes foi dito que
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