E esse dragão era pintado de vermelho
como símbolo. Resposta fiel ao quadro apresentado pelo vidente de Patmos. Eles
disseram: - Nós somos a nação que este quadro representa.
Ora, Roma, na pessoa de Herodes, tentou
destruir Jesus, o Cristo, quando mandou matar todas as crianças de Belém, de
dois anos para baixo. A criança nascida aos expectantes desejos de uma Igreja
ansiosa, vigilante, era o divino Redentor, aquele que em breve "vai reger as
nações com vara de ferro".
Herodes, é claro, não o pôde destruir; os poderes combinados do mundo e do
inferno não o puderam vencer, e, ainda que retido por pouco tempo, numa
sepultura, despedaçou suas ligaduras cruéis, abriu caminho de vida para a
Humanidade, venceu a própria morte, e foi arrebatado para Deus e para o seu
trono.
Jesus subiu aos céus diante dos seus
discípulos, deixando a todos eles, portanto, a todos nós, a profecia: EU
VOLTAREI! E os anjos disseram: "Porque olhais para o céu, ó galileus? Esse Jesus que vistes subir
aos céus envolto nestas nuvens, voltará do mesmo modo a vós".
Só que o "breve" da profecia
vale mil anos, como está bem explicado nos Salmos, na Epístola de São Pedro: "Mil anos
para o homem, para Deus é o dia de ontem
que já passou". Vejam bem, mil anos dos homens
representam apenas o dia de ontem que já passou diante da infinita sabedoria,
do infinito poder. Portanto, a volta de Jesus dura apenas dois dias à luz do
critério divino.
"E a mulher
fugiu para o deserto". Na
altura em que o papado foi estabelecido em 538, onde foi ela alimentada pela
palavra de Deus e pela ministração de anjos durante o longo, o escuro e
sanguinolento domínio daquele poder, 1260 anos.
Muita gente pode achar crueldade nesta
franqueza, mas religião naquele tempo era de ferro e fogo, a religião era
pretexto para muitas atrocidades. Quem
mandava na religião era a política, a religião era instrumento nas mãos dos
reis, dos seus ministros maquiavélicos. Por isso é que queremos o critério
histórico, não este Apocalipse melífluo, nefelibata, nós queremos um Apocalipse
real: cabeça no céu, pé no chão. Um Apocalipse fincado na história,
testemunhado pela história, porque sem a história também não pode haver o
Evangelho da razão. Fé, só aquela que raciocina e enfrenta a ciência em todos
os terrenos. Só a Verdade ficará de pé, e a Verdade é a Palavra de Deus!
Evidentemente, a história se repete, e o
símbolo do "dragão" teve que se repetir, a "águia" também.
Não pensem que isto acabou: a Humanidade evolui em pequenos ciclos dentro de um
grande ciclo. Há símbolos que acompanham as voltas da Humanidade,
dentro das voltas da História. Tudo isso será esclarecido pela nossa pregação, até que possamos dar a
interpretação total, definitiva, do Apocalipse.
No capítulo 12, versículos 7 a 12:
"E houve
batalha no céu. Miguel e os seus anjos
batalhavam contra o dragão. E batalhavam o dragão e seus anjos; mas, não
prevaleceram; nem mais o seu lugar se achou no céu. E foi precipitado o grande
dragão, a antiga serpente, chamada Satanás, que engana todo mundo, ele foi
precipitado na terra, e seus anjos foram lançados com ele. E ouvi uma grande
voz no céu que dizia: Agora chegada está a salvação, e a força, e o reino do
nosso Deus e o poder do Cristo, porque já o acusador de nossos irmãos é
derribado, o qual diante do nosso Deus nos acusava de noite e de dia. Eles o
venceram pelo sangue do Cordeiro de Deus e pela palavra do seu testemunho, e
não amaram as suas vidas até a morte. Pelo que, alegrai-vos ó céus e vós, que
neles habitais. Ai dos que habitam na terra e no mar, porque Satanás desceu a
vós, e tem grande raiva, sabendo que lhe resta pouco tempo."
Os seis primeiros versículos deste
capítulo, como já vimos, nos levam ao fim dos 1260 anos, corresponde ao final
da supremacia romana (em 1798).
No versículo 7, é igualmente claro
que somos levados para tempos anteriores. Mas até onde? Até ao tempo que foi introduzido primeiro no capítulo (os dias do primeiro advento de Jesus).
"E houve
batalha no céu".
O
mesmo céu onde foram vistos no princípio a mulher e o dragão, mas foram atores em cenas que tiveram lugar aqui, na
terra. Para provar que Miguel representa o
Cristo, temos que ver a Epístola de Judas Tadeu no seu versículo 9 (porque só
tem um capítulo) ou, então, a I Epístola de São Paulo aos Tessalonicenses,
capítulo 4, versículo 18, ou, ainda, João, capítulo 5, versículos 28 e 29. Não é necessário provar que este foi
um tempo especial de guerra entre eles e Satanás.
Mas aqui é apresentado um
outro símbolo, e João se apressa a nos dizer o que ele representa: é o diabo, é
Satanás, Lúcifer, é Satã, é Luzbel, mas este não é o mesmo que o
"dragão" dos versículos 3 e 4: é bem diferente.
Aquele era um "grande
dragão vermelho com sete cabeças e dez pontas e sete coroas nas suas
cabeças",
aqui, ainda que num sentido, o dragão representa Satanás, porque foi o
instigador da obra feita por este dragão.
Evidentemente, seria um tanto grotesco pretender aplicar, pessoalmente,
este símbolo a Satanás. Em nenhuma parte da Bíblia se diz que Satanás seja
vermelho, nem que tenha o número de cabeças e pontas mencionado aqui. Conquanto
possa, como deus, neste mundo, ter
uma coroa, e não haveria razão alguma
para não ter sete. Mas todas estas características são muito apropriadas
quando aplicadas à Roma pagã.
Quando se deseja apresentar Satanás
por um símbolo, nenhum mais apropriado se pode escolher do que um grande dragão
ou serpente, e é, evidente, o motivo porque semelhante símbolo é também
empregado para representar Roma com algumas das suas características
particulares.
Com efeito, Roma como Império
Universal, foi então o único agente geral possível para execução da vontade de
Satanás nesse mundo, mas não há motivo para se confundir os dois símbolos.
Relativamente à guerra mencionada,
Satanás tinha considerado a missão do Cristo na terra, como sua última
probabilidade de sucesso, de malograr o plano divino da salvação. Foi ao Cristo
com especiosas tentações na esperança de O vencer. Tentou de vários modos
destruí-lo durante o seu apostolado ou seu ministério. Quando conseguiu levá-Lo
à sepultura, esforçou-se num triunfo maligno para o reter ali. A pedra estava
chumbada e os fariseus recomendado a Pilatos que vigiassem o túmulo, porque os
discípulos podiam chegar lá e levar Jesus.
Tudo isto foi o cuidado do "diabão"
através dos seus diabinhos de estimação: não queria que Jesus saísse dali, e,
entretanto, mais uma vez Jesus saiu vencedor. Venceu a própria morte, então,
diz aos seus seguidores: "Ao que vencer eu lhe concederei que se assente comigo, no meu
trono, como eu venci, e me sentei com meu Pai no seu trono".
Isto mostra que Jesus, enquanto esteve
aqui na terra, travou uma guerra sem quartel, mas obteve a vitória. Satanás viu
frustrado o seu último esforço, malogrado o seu último plano: presumiu que
venceria o Filho de Deus na sua missão neste mundo, converteria, assim, o plano
da salvação num rotundo fracasso, e bem sabia que se fosse mal sucedido neste
seu desesperado e último esforço para contrariar a Obra Divina, então se
desvanecia sua última esperança, e tudo para ele estaria perdido.
Mas, na linguagem do versículo 8, "não
prevaleceu",
Jesus o derrotou mais uma vez derrotando a própria morte, e cada um de nós fará
isto. Este é o sentido do Novo Mandamento: derrotar a própria derrota que se
chama morte. "Quem guarda o meu Novo Mandamento não morrerá mais, já passou da
morte para a vida",
quem o diz é Aquele que não mente: é o Cristo de Deus! Por isso, com razão,
podia elevar-se o cântico, pelo que: "Alegrai-vos, ó céus, e vós que nele
habitais".
Pretendem alguns que esta guerra tenha
ocorrido quando Satanás, ainda na capa de anjo, se rebelou no céu, de que
aquela expressão "foi precipitado"
representa a sua expulsão do céu
nessa altura, mas não podemos harmonizar esta interpretação com o testemunho
que está diante de nós (está aqui, no versículo 13): "E quando o
dragão viu que fora lançado na terra, perseguiu a mulher que daria à luz".
Daí, nessa altura,
já dera um filho varão. Isto mostra que logo depois de Satanás ver que tinha
sido lançado, perseguiu a "mulher", a Igreja, que não muito depois
desse tempo, teve de fugir para o deserto.
Quando Satanás, portanto, se encontrou
assim, lançado, derribado, o "varão" já tinha sido apresentado.
Noutras palavras: o primeiro advento do Cristo já havia sido consumado. Por
isto, esta guerra e derrota de Satanás ocorrendo depois do princípio da Era
Cristã, e não muito tempo antes da Igreja ir para o deserto em 538, não pode ser
a sua queda do céu antes da criação do mundo, ainda mais que se tratava de uma
guerra no céu. Veja quem tem olhos de ver, ouça quem tem ouvidos de ouvir.
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