Pois bem, os sete selos abrangem toda
classe de acontecimentos até o fim do
tempo da prova, por isso mesmo não se pode dizer, como pretendem alguns, que os
selos se referem a uma série de acontecimentos que chegam, talvez, apenas até o
tempo de Constantino, e que as trombetas se refiram a outra série desde aquele
tempo em diante.
As trombetas referem-se a uma série de
acontecimentos que ocorrem ao mesmo tempo em que os acontecimentos dos selos,
mas com um caráter inteiramente diverso. Prestem atenção, por favor!
Uma trombeta é um símbolo de guerra, por
isso as trombetas significam grandes comoções políticas que haviam de se dar
entre as nações durante a dispensação cristã.
Os selos representam acontecimentos de
caráter religioso, eles contêm a história da Igreja Universal, isto é, de toda
a cristandade, desde o início da Era chamada cristã até a volta do Cristo de
Deus. Está bem claro assim? Também quando dizemos Igreja, não é católica, nem
protestante nem espírita, absolutamente, não! É um só rebanho para um só
Pastor, é a Igreja Cristã! E pela
revelação do Novo Mandamento todas as criaturas são, evidentemente, cristãs,
portanto, consequentemente, cristãs são todas as religiões, saibam ou não saibam,
queiram ou não queiram.
Alguns comentadores levantaram uma
questão acerca do modo como estas cenas
foram representadas perante João na ilha de Patmos:
"Tratava-se,
apenas, de uma descrição escrita dos acontecimentos que era lida para ele à
medida que era aberto cada selo sucessivamente, ou se tratava, antes, de uma
ilustração pictórica dos acontecimentos que o livro continha, e que lhe era
apresentado à medida que os selos eram desatados, ou era uma representação
cênica, que passava diante dele em que os diferentes atores avançavam e
desempenhavam os seus papéis?"
O expositor Burt se decide em favor de
lhe chamar uma ilustração pictórica. Uma descrição apenas narrada não
corresponderia à linguagem do Apóstolo ao descrever o que viu, mera representação
cênica não podia se relacionar com a abertura dos selos. Entretanto, duas
objeções se levantaram, imediatamente, à opinião de Burt.
1ª) - Diz-se,
apenas, que o livro estava escrito por dentro, não que continha ilustrações pictóricas.
2ª) - São
João viu as personagens que compunham as diversas cenas, não fixas, imóveis
sobre a terra, mas vivas, móveis, empenhadas ativamente nos papéis que lhes
tinham sido confiados.
A opinião mais
segura é a de que o livro continha um relato dos acontecimentos que haviam de
ocorrer e, quando os selos foram abertos e o relato foi trazido à luz, São João
viu as cenas, não que as lesse escritas, mas representadas em caracteres vivos
perante a sua mente, no próprio local onde
a realidade havia de ocorrer, ou seja, neste planeta Terra.
E, agora, vemos o
primeiro símbolo:
"e eis um
cavalo branco e o que estava sentado sobre ele tinha um arco, e foi-lhe dada
uma coroa, e saiu vitorioso, para vencer."
É um símbolo bem adequado das vitórias
do Evangelho no primeiro século desta chamada Era Cristã. Por quê? Porque a
alvura do cavalo representa a pureza da fé naquele tempo; a coroa dada ao
cavaleiro e o fato de avançar vitorioso, prestes a alcançar novas vitórias (o
selo), sucesso com que a Verdade foi promulgada pelos seus primeiros Apóstolos.
Eis aí, tudo simbolizado no "cavalo branco e no cavaleiro que tinha um arco e a quem foi dada
uma coroa, e saiu vitorioso para vencer". Portanto, é o próprio Jesus.
Alguns objetam que os sacerdotes do
Cristo, os emissários, os apóstolos, os missionários e o progresso do
Evangelho, não podem ser bem representados por esses símbolos guerreiros. Mas vamos raciocinar: por meio de que símbolos poderiam ser melhor representada a
obra do Cristianismo, quando o Cristianismo saiu como um agressivo princípio contra os vastos sistemas de erros, com que
desde o início teve de se bater? E, até hoje, na verdade, ainda não houve
Cristianismo: é o prefácio do Cristianismo. Cristianismo mesmo só começa com o
Novo Mandamento de Jesus. Cristianismo até aqui tem sido um
belo fator de brigas, de xingamentos, de
excomunhões, de fanatismos, de histerismos, de loucuras que não acabam mais.
Cristianismo, meus amigos e meus irmãos Legionários, só mesmo com o Novo
Mandamento revelado. De modo que temos que dizer cristianismo, para não dizer
catolicismo, espiritualismo ou protestantismo, mas, Cristianismo mesmo, ainda não
houve, vai começar daqui a pouco.
Pois bem, o "cavaleiro
que estava sobre o cavalo saiu", para onde? Sua missão sem fim, ilimitada. Por quê?
Porque o Evangelho é para todo o Mundo.
Ora, só Jesus tinha e tem esse poder. Entendido? Quem vai ficar zangado com
isso? Só mesmo Jesus tem esse poder, só Jesus é Poder!
Na interpretação do Apocalipse já
dissemos que o processo adotado é o histórico-profético. Dizer que o Apocalipse
já está superado, se limitou praticamente aos tempos dos romanos, não, isso é
uma tolice muito grande, o livro vai até o fim do ciclo, vai até o terceiro
milênio, porque aí já não é mais necessário Apocalipse nenhum. Aí já terá
havido a separação dos bons e dos maus, daqueles que seguem o Cristo e daqueles
que adoram o anticristo. Pois bem, os historiadores afirmam sempre que a
história se repete; é uma verdade, por isso é que através de gerações também se
repetem os símbolos dos sete selos. Entenderam bem? E se repetem com outros
acontecimentos ligados ao Evangelho e sempre de grande importância para toda a
Humanidade.
Assim, dentro do método
histórico-profético, o que estava montado no "cavalo branco e que saiu
para vencer" já se repetiu na pessoa de Martinho Lutero (o autor da
Reforma Protestante), repetiu-se depois na figura de Allan Kardec (o Codificador do Espiritismo).
Por quê? Porque tudo isto é a vitória
por etapas evolutivas do Evangelho de Jesus, agora à luz do Novo Mandamento. E
não há Evangelho senão à Luz do Novo Mandamento, e não há Evangelho sem o
Apocalipse, e quem não sabe Apocalipse não sabe Evangelho.
Mas vamos continuar no capítulo 6,
versículos 3 e 4:
"Havendo
aberto o segundo selo, ouvi o segundo animal dizendo: Vem, e vê! E saiu outro cavalo vermelho, e ao que estava
sentado sobre ele foi-lhe dado que tirasse a paz do mundo e que se matassem uns
aos outros; foi-lhe dada uma grande espada."
O primeiro aspecto notável nestes
símbolos talvez seja o contraste na cor dos cavalos. Esta foi distribuída, sem
dúvida, com um objetivo: se a alvura do primeiro cavalo representava a pureza
do Evangelho, o rubor do segundo deve representar que neste período começava a
se corromper aquela pureza original.
O "mistério da iniquidade" (como dizia São Paulo), operava já
nos dias de São Paulo Apóstolo e São Pedro. Parecia que a Igreja estava agora
tão corrompida que requeria esta mudança na cor do símbolo: começaram a
levantar erros. Isto é muito importante! Introduziu-se no mundo com o
mundanismo; o poder eclesiástico procurou aliança com o secular, daí resultaram
perturbações e comoções. O espírito deste período atinge o seu auge quando
chegamos ao tempo de Constantino, o primeiro imperador chamado cristão, e cuja
conversão ao cristianismo é datada por Mosheim em 323 da Era Cristã.
Esse período representa um período
secular, e na união da igreja com o Estado Constantino auxiliou o clero, que
lhe ficou devendo muitos favores; legislou para a igreja, convocou o Concílio de
Niceia, foi quem mais se salientou nesse Concílio. Constantino, não o
Evangelho, teve a glória de derrubar os templos pagãos; teve essa glória o
Estado em vez da igreja. Constantino foi louvado por ter feito decretos contra
alguns erros, mas, foi muito mais além, e introduziu muitos outros erros e se
opôs a algumas importantes verdades.
E se levantaram controvérsias e,
quando subiu ao trono um novo imperador, houve uma corrida do clero para
arrastá-lo para o lado das suas opiniões particulares. Então, Mosheim, diz deste período:
"Havia guerra contínua,
havia contínua perturbação".
Semelhante estado de coisas corresponde
bem às palavras do profeta quando declara: "e ao que estava sentado sobre o cavalo
foi-lhe dado que tirasse a paz do mundo e que se matassem uns aos outros;
foi-lhe dada uma grande espada."
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