Quem nos habilitará para o divino
exame? Quem nos habilitará para ressuscitarmos em Cristo Jesus, para estarmos
com a imaculada multidão celestial?
Infinito mérito do sangue de Cristo Jesus
que nos pode limpar de todos os nossos pecados! Infinita graça de Deus que nos
pode preparar para enfrentar a glória, e nos dar ousadia para permanecer na Sua
presença com júbilo indescritível! Você gostaria de estar com Ele no meio dessa
multidão, nesses dez mil vezes dez mil como está no original grego do
Apocalipse? Então você tem de escolher, desde já, entre o bem e o mal, entre o
Cristo e o anticristo. Esta é a nossa escolha, tudo depende do nosso livre
arbítrio.
Capítulo 5, versículos 13 e 14:
"Ouvi de toda
criatura que está no céu e na terra, debaixo da terra, e que e os que estão no
mar, e todas coisas que neles há, dizendo: Ao que está sentado sobre o trono e
ao Cordeiro de Deus, sejam dadas ação de graças e honra, e glória, e poder,
para todo o sempre. E os quatro seres vivos diziam: Amém. E os vinte e quatro
anciãos se prostraram e adoraram aquele que vive para todo o sempre."
Eis aqui, meus amigos e irmãos
Legionários, o Universo purificado.
Neste versículo 13 temos o exemplo de
um caso muito frequente na Bíblia Sagrada: uma declaração colocada fora de sua
ordem cronológica para seguir até o fim, alguma prévia afirmação ou alusão.
Neste caso se antecipam o tempo, desde que termina a redenção.
No versículo 10 se diz acerca das
"quatro criaturas vivas",
como também dos "vinte e quatro anciãos" que reinarão sobre a terra.
Agora a mente do Profeta é levada para esse tempo apresentado o maior ato da
intervenção do Cristo em favor do homem: o derramamento do seu sangue. Nada
mais natural do que se estender a visão, por um momento, até o tempo em que se
consumará a grande Obra então inaugurada. Completado o número dos remidos,
liberto o mundo do pecado e dos pecadores, elevando-se, então, um universal
cântico de adoração a Deus e ao seu Cordeiro.
É inútil tentar aplicar tudo isto à
Igreja no seu estado presente, como diz a maioria dos comentadores do
Apocalipse, como, também, há algum tempo, no passado, desde que o pecado entrou
no mundo, ou mesmo desde que Satanás caiu da sua alta posição como anjo de luz
no céu (segundo a alegoria do Livro Sagrado). Com efeito, no tempo de que São
João fala, toda criatura na terra e no céu, sem exceção, eleva sua antífona de
louvor a Deus, mas, apenas, para falar deste mundo desde a queda. Maldições em
vez de bênçãos se têm erguido da grande maioria da nossa raça apóstata contra
Deus e contra o seu trono. E assim será enquanto o pecado reinar como agora; é
o que diz a Bíblia Sagrada. Não encontramos, portanto, lugar para esta cena que
São João descreve, a não ser que avancemos, segundo a posição tomada, até o
tempo em que esteja completado todo o plano da redenção, até que os santos
tenham tomado posse do seu reino prometido
sobre a terra, o qual é antevisto pelas criaturas vivas e pelos anciãos no seu
cântico (já vimos este cântico no versículo 10).
Nesta luz tudo é harmônico e
muito claro: aquele reinado na terra começa depois da segunda ressurreição
(então temos de comparar o livro do profeta Daniel no Velho Testamento da
Bíblia, capítulo 7, versículo 27; II Epístola de São Pedro, capítulo 3, versículo
13; e nesse próprio Apocalipse, quase no fim, capítulo 21, versículo 1).
Por
altura dessa ressurreição, que decorre mil anos depois da primeira ressurreição
(como está no Apocalipse, capítulo 20, versículos 4 e 5), dá-se a perdição dos
ímpios predita por São Pedro na II Epístola, capítulo 3, versículo 7. Então
desce fogo do céu, fogo enviado por Deus, para os devorar (Apocalipse, capítulo
20, versículo 9), e este fogo que causa a perdição dos homens ímpios é o fogo
que funde e purifica a terra (como vemos na II Epístola de São Pedro, capítulo
3, versículos 7 ao 13).
Então são destruídos pecados e
pecadores, então a terra é purificada, a maldição, com todos os seus males. é
para sempre removida. Os justos já resplandecem como o Sol no reino de seu Pai,
e, do mundo purificado, sobe para Deus uma antífona de louvor e ação de graças.
Em todo o belo domínio do Criador não há espaço para nenhum vasto receptáculo
de fogo e enxofre. Percebem bem? Não há espaço para nenhum receptáculo
vastíssimo de fogo e enxofre, e nele viria desconservado pelo poder direto de
um Deus de misericórdia, havendo de arder e se contorcer em indizível e eterno
tormento. Não, nesta jubilosa antífona não há notas com os discordantes e
eterno tormento. Não, nesta jubilosa antífona, não há notas com os discordantes
e desesperados ais dos condenados, com as maldições e blasfêmias de seres que
estejam pecando e sofrendo sem um vislumbre de esperança. Toda voz rebelde foi,
para sempre, abafada na morte; não ficou raiz nem ramo de Satanás e de todos os
seus seguidores, do enganador e dos enganados (como está no profeta Malaquias,
capítulo 4, versículo 1; como está em São Paulo aos Hebreus, capítulo 2,
versículo 14). "E se consumiram em fogo", Salmos, capítulo 37,
versículo 20.
E se desvaneceram em chamas como a
palha inflamável, foram aniquilados, não como matéria, mas como seres
conscientes, inteligentes, usando o livre arbítrio. Ficaram como se nunca
tivessem existido (Profeta Obadias ou Abdias, capítulo único, versículo 16). Ao
Cordeiro, assim como ao Pai que está sentado no trono, é rendido louvor neste
cântico de adoração. Grande número de comentadores viram, aqui, uma prova de
eternidade do Cristo com o Pai. Aliás, dizem eles: - Não se atribuiria
aqui, à criatura, a adoração que
pertence exclusivamente ao Criador? Mas, eis a conclusão necessária: conquanto
Jesus, como filho gerado, não possua, como o Pai, uma coeternidade de existência
pretérita ou passada. O começo da sua existência é anterior a toda obra da
criação em relação a qual ele foi criador justamente com Deus (João, capítulo
1, versículo 3, no seu Evangelho; São Paulo aos Hebreus, capítulo 1, versículo
3).
Não podia o Pai ordenar que se prestasse ao tal ser, adoração igual à Sua,
por se tratar de idolatria da parte dos adoradores?
Ele O elevou a posições em que é próprio
ser adorado, e, além disso, ordenou que se lhe prestasse adoração. E não teria
sido necessário se Ele fosse igual ao Pai na eternidade de existência. O próprio Cristo declara: "Como o Pai
tem a vida em si mesmo, assim Ele deu ao Filho ter a vida em si próprio" (Evangelho segundo São João, capítulo
5, versículo 26). "O Pai o exaltou soberanamente e lhe deu o nome que é
sobre todo o nome (São Paulo aos Filipenses, capítulo 2, versículo 9). "E o próprio
Pai, que é Deus eterno, declara que todos os anjos de Deus o adorem" (São Paulo aos Hebreus, capítulo 1,
versículo 6). Ora, meus amigos e meus irmãos, estes testemunhos mostram que
Jesus é agora objeto de adoração igualmente com o Pai Eterno, mas não provam
que tenha com Ele uma eternidade de existência passada.
Voltando da gloriosa cena antecipada
(no versículo 13) aos acontecimentos que ocorrem perante Ele no Santuário
Celestial, o Profeta ouve as quatro criaturas vivas, exclamando: "Amém".
O que é que nós devemos dizer? Amém,
porque o Cristo é a nossa esperança. Até quando suportaríamos o espetáculo
dantesco da vida aqui em baixo? Quem é que está satisfeito com os governos do
mundo? Em que lugar deste mundo alguém pode dizer: Existe aqui felicidade! Em
que povo? Em que nação algum povo pode dizer: Eu estou feliz! Pois bem:
FELICIDADE SÓ EM CRISTO JESUS! Esta é a hora de dar o Apocalipse a todas as
criaturas sedentas de CRISTO JESUS, sedentas da Luz Divina, fora do Cristo não
há salvação. E agora Jesus está voltando, e desta vez não é para ser
crucificado, não!
Capítulo 6, versículos 1 e 2:
"E havendo o
Cordeiro de Deus aberto um dos selos, olhei e ouvi um dos quatro animais, que
dizia como voz de trovão: "Vem, e vê! E olhei, e eis um cavalo branco e o
que estava sentado sobre ele tinha um arco, e foi-lhe dada uma coroa, e saiu
vitorioso, para vencer."
Bastam esses dois versículos, porque
há aqui muita substância, e o Apocalipse deve ser dado assim, em pequenas
doses. Vemos, então, aqui, meus irmãos Legionários, depois de tomar o livro, o
Cordeiro, isto é, o Cristo, procede, imediatamente, a abertura de um dos selos.
A atenção do Apóstolo é chamada para
as cenas que ocorrem debaixo de cada selo. Já dissemos aqui, que o número sete
na Bíblia Sagrada, ou nas Sagradas Escrituras, significa plenitude, perfeição. Só
os espíritos levianos é que podem dizer que sete é conta de mentiroso,
naturalmente quiseram satirizar os que fingiam saber a Bíblia, ou o Evangelho, ou
o Apocalipse, e realmente nada sabiam. Mas o sete aparece com uma incidência
notável em todas as páginas deste livro extraordinário, que é o Apocalipse de
Jesus segundo São João. Sete significa plenitude, perfeição. Não é a toa que a
sua vida muda de sete em sete anos, você já notou? Irmão Legionário, repare bem:
de sete em sete anos sua vida muda. Não muda?
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