navais: trezentas grandes galés, uma adequada quantidade de transportes e barcos, tudo reunido no amplo e seguro porto
cartagena, na Espanha. Pois bem, Genserico foi salvo de iminente, inevitável
ruína pela traição de alguns súditos poderosos, invejosos ou apreensivos com o
sucesso do seu senhor".
Sempre há um Judas em todas as
corporações, em todas instituições, e, até dentro de uma família, sempre há um
para esse triste papel. Pois bem, guiado por ele, surpreendeu a desprevenida
frota na baía de Cartagena. Muitos barcos foram afundados, tomados,
incendiados. Os preparativos de três anos foram destruídos em três dias. A
rigor, num dia só, o resto foi para apagar o fogo, para fazer arrumação de
batalha. Por muito tempo a Itália continuou a ser maltratada pelas incessantes
depredações dos piratas vândalos. Na primavera de cada ano equipavam uma
formidável frota no porto de Cartago, e o próprio Genserico, embora de idade
avançada, comandava, ainda, pessoalmente, as expedições mais importantes. Veja
o que Gibbon diz dele:
"Genserico, embora de uma idade
muito avançada, comandava, em pessoa, as expedições mais importantes. Mas
ele cobria os seus planos ou os seus desígnios com um véu impenetrável até o
momento de abrir a vela".
O segredo é a alma do negócio, também
da batalha, também da guerra. Quando o piloto lhe perguntava em que direção
devia seguir, ele dizia: "- Siga a direção dos ventos (com um tom, assim,
de piedosa confiança em Deus), eles nos
conduzirão sobre a costa, cujos habitantes criminosos tenha ofendido a justiça
divina". Isto é muito interessante! Na hora H dava o rumo que a sua
intuição de "navegueiro" ordenava. Os vândalos, repetidamente,
visitavam toda a costa da Espanha, Ligúria, Toscana,
Campânia, Lucânia, Brutio, Apúlia, Calábria, Vêneto, Dalmácia, Épiro, Grécia e
Sicília.
A rapidez da temeridade dos seus
movimentos lhe permitia qual, ao mesmo tempo, ameaçar e atacar os mais distantes
objetos que atraíssem os seus desejos. Como embarcavam sempre um número
suficiente de cavalos, mal tinham desembarcado, assolavam logo o país apavorado
com corso e cavalaria rápida, cavalaria ligeira. Uma última e desesperada
tentativa para desapossar Genserico na soberania do mar, foi feita no ano 468,
por Leão, o Imperador Guerreiro. Gibbon, dá, a propósito, testemunho
interessante: "As despesas da campanha africana atingiram soma de 130.000
libras de ouro (cerca de 5.200.000 libras esterlinas).
A frota que se dirigiu de Constantinopla
para Cartago contava de 1.113 barcos, o número de soldados e marinheiros
excedia a 100.000 homens. O exército de Heráclio e a frota de Marcelino se
uniram por secundar o lugar-tenente imperial. O vento tornou-se favorável aos
desígnios de Genserico. Tripulou com os mais bravos mouros e vândalos os
maiores navios de guerra, após, os quais, eram rebocados grandes barcos cheios
de materiais combustíveis. Na obscuridade da noite esses vasos destruidores
foram impelidos contra a desprevenida e confiante frota dos romanos,
despertados, agora, pela consciência real do perigo.
A disposição densa dos navios (tinha
muita gente a bordo) contribuiu para o progresso do incêndio, que se transmitiu
com rapidez e violência. O soprar dos ventos, o crepitar das chamas, os
dissonantes gritos de soldados e marinheiros que não podiam mandar nem
obedecer, aumentavam o horror do tumulto noturno. Tão, antes, se esforçavam por
escapar dos barcos em chamas, por salvar pelo menos parte da frota, as galés de
Genserico assaltaram com temperado e disciplinado valor. Muitos dos romanos que
escaparam à fúria das chamas foram destruídos, aprisionados pelos vitoriosos
vândalos.
Depois do desastre desta grande
expedição, Genserico se tornou, outra vez, o tirano do mar. As costas da Itália,
da Grécia, Ásia, foram de novo expostas à
sua vingança e avareza; Trípoli e Sardenha voltaram à sua obediência. Acrescentou a
Cicília ao número das suas províncias, e, antes de morrer, repleto de anos e de
glória, contemplou a extinção final do Império do Ocidente. Acerca do
importante papel desempenhado por este audacioso corsário à queda de Roma,
Gibbon emprega esta significativa linguagem: "Genserico, um homem que na
destruição do Império Romano se eleva ao mesmo nível dos nomes de Alarico e Átila
(o rei dos hunos)".
Temos aqui, portanto, uma descrição
perfeita. O trabalho de Gibbon é de um valor extraordinário, merece todo o
nosso respeito. Trabalho paciente, equilibrado, honesto, e não há história
senão assim: dentro de um critério cientificamente perfeito, imparcial,
impoluto, mormente em se tratando de interpretar o Apocalipse, aí, então, a
honestidade tem de redobrar. Não é dado ao historiador ser leviano ou
fantasioso.
Estou procurando, naturalmente, me
tornar o mais simples possível, e ninguém se atreveu ainda a interpretar
Apocalipse. É o livro, realmente, das profecias finais. Repito: Quem,
hoje, não sabe Apocalipse já não pode
dizer que sabe Evangelho. E para esta época apocalíptica (porque este é o nome)
é imperioso, é categórico, é taxativo o estudo imediato do Apocalipse de Jesus
segundo São João.
Vocês não dão tanto valor ao Ministério de Planejamento? Como
eu disse na minha entrevista à Revista do Rádio desta semana: "Ninguém
pode governar sem planejar. Tem de planejar! Mas, meu Deus, o Apocalipse é o
planejamento divino, feito por Jesus até o fim dos tempos! Não é para um plano
quinquenal ou trienal, é para todo o milênio." Já se passou um: "a
mil chegarás, de dois mil não passarás". Também não pense que isso é da
Bíblia, isso não está na Bíblia. Eu vou examinar bem este assunto; é a tradição
dos povos. Eles, intuitivamente, sabiam, e é uma verdade: "a mil chegarás,
de dois mil não passarás". Ora, como é que um presidente da república pode
governar bem se não sabe o que vem ali, o que já está ali. Isto é muito sério!
Isso é muito importante! Ninguém pode governar se não tiver uma intuição do
planejamento divino, e este está no Apocalipse.
Vocês não dão tanto valor ao
Nostradamus? Nostradamus perto de João Evangelista é apenas caricatura. Vamos
fazer, aqui, um paralelo. Isto se impõe e é interessante: se Nostradamus foi
grande, meu Deus do céu, João Evangelista
foi muito
maior!
Porque, na verdade, o autor do
Apocalipse é Jesus e tudo aconteceu, e o que falta acontecer é muito pouco.
Ora, se já aconteceu tudo tão certo, como estamos mostrando aqui, com Alarico,
Genserico, e tantas coisas que vamos tocar mais para a frente, por que é que
não vai acontecer, exatamente, até o fim do ciclo? Depois vem um novo céu, uma
nova terra, e aí já estaremos no limiar do Terceiro Milênio. É a vitória da
Verdade, e quem está com a Verdade nada deve temer.
Damos prosseguimento ao capítulo 8,
versículos 10 e 11:
"E o terceiro
anjo tocou a sua trombeta, e caiu do céu
uma grande estrela, ardendo como uma tocha, e caiu sobre a terça parte dos rios
e sobre as fontes das águas. E o nome da estrela é Absinto, e a terça parte das
águas tornou-se absinto, e muitos homens morreram das águas, porque se tornaram
amargosas".
Na interpretação e aplicação desta
passagem apocalíptica, somos levados ao terceiro importante acontecimento que
resultou, afinal, na subversão do Império Romano. E ao procurar um cumprimento
histórico desta terceira trombeta, vamos a algumas notas do velho Barnes,
explicando esta passagem. É necessário (como diz este interpretador) ter em
vista o seguinte: "Que havia de vir algum chefe ou guerreiro que poderia
comparar-se ao resplandecente meteoro, cuja carreira seria, particularmente,
brilhante. Que apareceria, subitamente, como estrela fulgurante e, depois,
desapareceria como estrela, cuja luz se apagou nas águas. E a carreira
arrasadora desse meteoro se daria, principalmente, naquela parte do mundo onde superabundavam
rios e mananciais.
Que o efeito que se iria reproduzir
era como se as águas desses rios e fontes se tornassem amargosas, isto é, que
muitas pessoas morreriam. Grandes assolações seriam feitas nas vizinhanças
dessas fontes e rios, como se amarga e calamitosa estrela caísse nas águas, e a
morte se espalhasse por todos os países adjacentes e banhados por elas à sua
sombra fatal. Aqui se estabelece que esta trombeta alude às arrasadoras
guerras, invasões furiosas de Átila, o rei dos hunos, contra o poder romano que
ele empreendeu à frente das suas hordas de guerreiros.
Se falando dele, particularmente da
sua aparência pessoal, confirmando a profecia, diz Barnes:
"Na maneira da sua aparência
assemelhava-se muito a um brilhante meteoro fulgurando no céu. Veio do Oriente
com os seus hunos e, como vamos ver, se arremessou subitamente sobre o Império
com a rapidez de um meteoro fulgurante. Considerava-se também como consagrado à Marte: o deus da guerra. Costumava-se fardar de um modo, particularmente, brilhante,
de modo que
o seu aspecto,
na linguagem dos seus aduladores, deslumbrava a todos que os que
olhassem para ele".
Ao falar da localização dos
acontecimentos preditos por esta trombeta, Barnes observa ainda:
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